“Desoneração da folha pesa bastante na arrecadação”, diz secretário
Secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse que há um impacto “muito forte” do não pagamento da contribuição previdenciária
atualizado
Compartilhar notícia
Auxiliares do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticaram nesta segunda-feira (22/7) a falta de fontes para compensar a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos e dos pequenos municípios em 2024.
“A desoneração da folha de pagamento está pesando bastante na arrecadação”, disse o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, em coletiva de imprensa para comentar o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do 3º bimestre (maio e junho).
O relatório, produzido em conjunto pelas áreas técnicas dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento, confirmou a contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 (subdividido em R$ 11,2 bilhões de bloqueio e R$ 3,8 bilhões de contingenciamento).
Segundo Barreirinhas, há um impacto “muito forte” do não pagamento de contribuição previdenciária neste ano sobre a arrecadação federal. Isso porque as empresas dos 17 segmentos beneficiados pela desoneração podem substituir os 20% sobre os salários dos empregados por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento, que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e serviço prestado.
O valor anual da desoneração da folha de municípios é de R$ 10,5 bilhões, segundo a Receita. Já a desoneração das empresas é estimada em torno de R$ 15 bilhões.
Barreirinhas completou que, se não houvesse essa renúncia de em torno de R$ 25 bilhões com a desoneração, a situação da Receita estaria “bem mais confortável”.
A desoneração da folha é uma política instituída pela primeira vez em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT) para estimular a geração de empregos, e que foi prorrogada continuamente desde então.
O governo Lula (PT) propôs acabar com a política já a partir deste ano, mas houve forte resistência e ficou acertada com o Congresso Nacional uma reoneração gradual a partir de 2025, até atingir 20% em 2028.
Busca de medidas para compensar
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu um prazo adicional para o Legislativo e o Executivo apresentarem medidas que compensam a renúncia de receitas, até setembro.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que essas medidas de compensação estarão contempladas no próximo relatório bimestral (julho e agosto).
“Para o próximo bimestral esperamos receitas relativas às fontes de compensações”, disse ele, que completou que os membros da equipe econômica estão “confiantes” de que é possível continuar trajetória e alcançar a meta de déficit fiscal zero em 2024.