Desmatamento na Amazônia cresceu 33% em relação ao ano passado
De janeiro a outubro, região seis vezes maior do que a cidade de São Paulo foi desmatada na Amazônia, o pior índice dos últimos 10 anos
atualizado
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De janeiro a outubro deste ano, uma região seis vezes maior do que a cidade de São Paulo foi desmatada na Amazônia. Levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), afirma que cerca de 9.742 km² de floresta desapareceram. O acumulado em 10 meses é o pior índice dos últimos 10 anos.
Só no último mês, a Amazônia perdeu 803 km² de floresta, uma área quase quatro vezes maior do que Recife. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a devastação havia batido a maior marca desde 2012, o desmatamento acumulado neste ano cresceu 33%.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que monitora a floresta por meio de imagens de satélites.
“Enquanto houver invasões de florestas públicas por grileiros, com objetivo de obter a posse legalizada dessas áreas, o desmatamento, infelizmente, tende a continuar nesses patamares”, afirma Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
Segundo ele, é preciso que essas florestas, que ainda não têm um uso definido, sejam convertidas para áreas protegidas, como terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação. Além disso, é necessário que sejam intensificadas as fiscalizações, principalmente nas áreas críticas.
Ranking da devastação
No topo do ranking dos estados que mais desmataram na Amazônia, o Pará foi responsável por 56% da destruição na região em outubro. A área devastada no estado chegou a 450 km², quase metade do território de Belém.
Além disso, sete dos 10 municípios que mais destruíram a floresta ficam em solo paraense. E, entre esses municípios, três estão concentrados ao longo da Rodovia Transamazônica, o que mostra uma nova localização do desmatamento no estado.
“Não é uma região que vinha sendo reportada nos últimos meses como uma área crítica. Geralmente, no Pará, o desmatamento vinha ocorrendo na divisa com o Mato Grosso, em municípios como São Félix do Xingu e Novo Progresso”, explica Fonseca.
No Amazonas, segundo estado que mais desmatou a Amazônia em outubro, a área destruída cresceu 39% em relação ao mesmo mês de 2020, passando de 76 km² para 106 km². O estado vinha chamando atenção pelo crescente desmatamento pelo menos desde abril, quando liderou o ranking dos que mais devastam a floresta.
Em outubro, assim como em meses anteriores, municípios do sul do estado, como Lábrea e Apuí, apareceram no ranking dos que mais desmataram na Amazônia.
“O dado de outubro contribui para consolidar essa região como uma nova fronteira do desmatamento. Precisamos de ações efetivas e rápidas para que essa destruição não siga expandindo, principalmente sobre áreas protegidas”, completa o pesquisador.