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Desmatamento encolhe 29% no Cerrado, mas seca preocupa

Resultado é do primeiro semestre. No entanto, período mais crítico é esperado para os próximos meses, quando a seca se agrava no bioma

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O desmatamento no Cerrado encolheu 29% no primeiro semestre deste ano, conforme os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Em números absolutos, a área afetada neste bioma nos primeiros seis meses do ano foi de 3.470 km², o que equivale a mais de duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

Um dos destaques é o estado da Bahia, que costuma ter grande participação no desmatamento. No período, houve queda de 53% na unidade da Federação. Porém, a dinâmica do Cerrado faz com que a perda de vegetação acelere no segundo semestre, durante o período de seca, que vai até meados de outubro. Esta questão, inclusive, é ressalvada pelos pesquisadores do Ipam.

Os estados do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) continuam como aqueles que representam a maior parcela (77%) do desmatamento no Cerrado. Proporcionalmente, o Goiás foi onde houve a maior redução: 59%, em relação ao mesmo período do ano passado.

“A gente não tem elementos ainda para, de fato, afirmar que o desmatamento no Cerrado diminuiu este ano”, pondera a pesquisadora e coordenadora do SAD Cerrado, Fernanda Ribeiro.

A estatística oficial de desmatamento é do sistema Prodes, elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O período compilado é de agosto de um ano a julho do outro ano. Os dados de 2024 desta plataforma ainda serão divulgados.

Os cinco municípios com mais área desmatada em km² são: Balsas (MA) (107,8); Ponte Alta do Tocantins (TO) (94,2); Alto Parnaíba (MA) (64,5); São Desidério (BA) (63); e Uruçui (PI) (62,9).

A pesquisadora do Ipam pontua uma série de pontos específicos do Cerrado que dificultam o controle da devastação no bioma. “A gente tem a questão da regularização fundiária, que é um problema no Cerrado; tem os vazios fundiários, que não estão em nenhuma categoria na legislação, não estão regularizados; e até o próprio Cadastro Ambiental Rural (CAR), que não está completo no Cerrado. A questão da regularização fundiária é o principal dificultador, atrelado também a políticas (insuficientes) de combate e controle”, explica Fernanda.

Amazônia

Na Amazônia, o desmatamento no primeiro semestre, verificado pelo SAD do Imazon, foi de 1.220 km² em números absolutos, o que representa uma redução de 36%. O resultado é o menor desde 2017. Assim como no Cerrado, no entanto, os próximos meses são os que mais preocupam.

“O período mais seco do calendário do desmatamento ocorre entre os meses de maio a outubro. Historicamente, os valores são mais altos durante esses meses porque o clima propicia a prática do desmatamento”, detalha a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.

Os primeiros sinais alimentam o pessimismo. Julho representou uma virada na Amazônia. Havia 14 meses de queda, mas a alta acumulada nos primeiros dias do mês indicam acréscimo de 10%. No ano passado, julho teve 361 km² desmatados e, neste ano, são 398 km².

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