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Cerrado emitiu 135 milhões de toneladas de gás carbônico em 18 meses

Desmatamento no Cerrado supera emissões anuais do setor industrial no Brasil. Área mais desmatada do bioma é relacionada ao agronegócio

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1 de 1 Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal combate incêndio na floresta nacional de Brasília fogo cerrado metrópoles 5 - Foto: <p>Igo Estrela/Metrópoles<br /> @igoestrela</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-geral-quadrado-1"></div></div> </p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div></p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div></p>

Entre janeiro de 2023 e julho de 2024, o desmatamento no bioma Cerrado foi responsável pela emissão de mais de 135 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2), de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O número corresponde a, aproximadamente, 1,5 vezes as emissões anuais do setor industrial no Brasil.

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, ficando atrás somente da Amazônia. Berço de rios, bacias hidrográficas, aquíferos e da savana mais rica e biodiversa do planeta, a preservação esbarra em “problemas crônicos da política ambiental”, de acordo com o Ipam, “que costuma priorizar a proteção de formações florestais em detrimento de outros tipos de ecossistemas.”

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Imagens do combate às chamas na Flona
Bombeiros e brigadistas do Brasília Ambiental  controlaram o fogo no Cerrado
Fogo em vegetação
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Bombeiros combatem o incêndio desde terça-feira

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Imagens do combate às chamas na Flona

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Bombeiros e brigadistas do Brasília Ambiental controlaram o fogo no Cerrado

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Fogo em vegetação

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Segundo Fernanda Ribeiro, pesquisadora do Ipam responsável pelo SAD Cerrado, o desmatamento do bioma revela, ainda, falhas de fiscalização e de políticas públicas.

“Mais de 60% da vegetação remanescente do Cerrado está dentro de áreas privadas e, pelo Código Florestal, essas propriedades podem legalmente desmatar até 80% da vegetação nativa em seus terrenos. É um cenário sensível para a proteção do bioma, que expõe a lacuna de políticas de incentivo para evitar o desmatamento, ainda que legal, e demanda também mais fiscalização para averiguar o desmate ilegal”, avalia a pesquisadora.

As savanas do Cerrado, caracterizadas pelas árvores retorcidas e pelos arbustos, concentraram 65% do total de emissões associadas ao desmatamento do bioma, desde o começo de 2023.

Esse tipo de vegetação ocupa, de forma predominante, 62% de toda a área restante do bioma original. A savana foi, também, o tipo de plantação responsável pela maior parte das emissões decorrentes do desmatamento: cerca de 88 milhões de toneladas de CO2 emitidas apenas no período analisado pelo estudo.

A vegetação campestre, que ocupa 6% da área do Cerrado, concentra 7% do total de emissões. O desmatamento em florestas, segunda formação mais rara no Cerrado, foi responsável por 27% das emissões de CO2.

“O Cerrado armazena carbono, principalmente abaixo do solo. Conservar o Cerrado é essencial para combater a crise climática no Brasil, sendo um bioma chave para segurança hídrica, alimentar e econômica. Para isso, é preciso de incentivos para conservar, enquanto é tempo, os remanescentes de vegetação nativa em áreas privadas para além do código florestal — antes que estas ‘ilhas de Cerrado nativo’ sejam convertidas ou degradadas”, complementa a pesquisadora.

Estados líderes no desmatamento do Cerrado

De acordo com o SAD Cerrado, as emissões de CO2, consequência do desmatamento do bioma, se concentra na área conhecida como Matopiba, onde se desenvolve agricultura de alta produtividade, um dos principais vetores de crescimento do agronegócio brasileiro nos últimos anos, de acordo com o grupo Atenção Primária à Saúde em Territórios Rurais Remotos (APS em MRR).

Fazem parte da região do Matopiba os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

No total, 80% das emissões vieram da perda de vegetação nesta região, o equivalente a um total de 108 milhões de toneladas de gás carbônico — a 50% das emissões totais do setor de transportes, segundo dados da Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg).

No Maranhão, líder no desmatamento no bioma, entre janeiro de 2023 e julho de 2024, foram emitidas 35 milhões de toneladas como resultado dos mais de 301 mil hectares de vegetação nativa desmatada. Além de líder nas emissões no bioma, o estado lidera as emissões em formações campestres, que corresponderam a 6 milhões de toneladas.

Em Tocantins, segundo colocado no ranking, os 273 mil hectares desmatados no estado resultaram em 39 milhões de toneladas de CO2 emitidos.

A Bahia ocupa a terceira posição na lista de maiores desmatadores do bioma no período, responsável pela emissão de 24 milhões de toneladas de CO2. O Piauí completa a lista de estados do Matopiba que ocupam as quatro primeiras posições do ranking de desmatamento e emissões, com 11 milhões de toneladas emitidas.

Ferramenta analítica

O Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado do Ipam é um projeto de monitoramento mensal e automático que utiliza imagens de satélites ópticos do sensor Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia. O SAD Cerrado é uma ferramenta analítica que fornece alertas de supressão de vegetação nativa para todo o bioma, trazendo informações sobre desmatamento desde agosto de 2020.

A confirmação de um alerta de desmatamento é realizada a partir da identificação de pelo menos dois registros da mesma área em datas diferentes, com intervalo mínimo de dois meses entre as imagens de satélite. A metodologia da análise é detalhada no site do SAD Cerrado.

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