Desigualdade social no Brasil agravou pandemia, aponta ONU
Relatório elaborado pela ONU mostra que desigualdade social deixou consequências ainda mais graves durante pandemia
atualizado
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Um relatório preparado pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que as consequências da pandemia serão mais graves para países com maior desigualdade social, como o Brasil.
O documento será lançado nesta quarta-feira (29/9) e foi elaborado em parceria com outras organizações da ONU, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
De acordo com o relatório, quando a Covid atingiu o Brasil, o país apresentava diversas fragilidades estruturais que influenciaram na crise sanitária, econômica e social. O relatório mostra que os grupos em situação de vulnerabilidade social são os mais afetados pela pandemia.
O relatório cita como exemplo a taxa de letalidade por Covid entre pessoas de diferentes grupos raciais. De acordo com dados do Núcleo de Saúde Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a taxa é de 56% entre pacientes brancos e 79% entre não brancos.
Além disso, os maiores índices de óbitos estão entre pessoas sem escolaridade (71%). Os pacientes que tinham ensino superior completo representam apenas 22% das mortes por Covid, mostra o documento.
Segundo as organizações, mesmo que o país tenha conquistado bons resultados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nas últimas décadas, parte da população ainda sofre para alcançar necessidades básicas.
“Notadamente, apesar dos ganhos substanciais em saúde, educação e no padrão de vida da população registrados nas últimas décadas, ainda há um conjunto de necessidades básicas diferentemente atendidas no Brasil e nos seus estados; e, paralelamente, uma nova geração de desigualdades se abre, alargando a lacuna entre aqueles que têm e aqueles que não têm”, aponta o relatório.
Em documento divulgado na página da ONU na terça-feira (28/9), a alta comissária da organização, Michelle Bachelet, ressaltou as desigualdades sociais expostas pela pandemia em todo o mundo.
Bachelet pontuou que a incapacidade dos países de manter liberdades fundamentais, como justiça, educação de qualidade, moradia e trabalho, “minou a resiliência das pessoas e dos estados”.
“Devemos garantir que os planos de recuperação econômica dos estados sejam construídos sobre alicerces dos direitos humanos e em consulta significativa com a sociedade civil. Deve haver passos para defender a saúde universal, as proteções sociais universais e outros direitos fundamentais para proteger a sociedade de danos”, concluiu Bachelet.