Desenrola: veja dicas para evitar golpes sobre renegociação de dívidas

Logo após o início das atividades do Desenrola Brasil, programa do governo federal para renegociação de dívidas, golpistas aproveitam a iniciativa para atrair novas vítimas. Iscas para fraudes como links para cadastros enganosos, propostas com condições “milagrosas”, e um site falso do Serasa, por exemplo, começaram a pipocar nas redes sociais desde 17 de julho.

As formas de enganar os inadimplentes aparecem em diferentes formatos. Inclusive, em sites ou perfis falsos nas redes com símbolos do governo e do programa, na tentativa de passar credibilidade ao usuário.

Há ainda posts impulsionados no Facebook e Instagram, além de mensagens via SMS e WhatsApp, que solicitam dados pessoais como CPF e pedem o pagamento de taxas com a promessa de limpar o nome.

Em meio à onda de fraudes, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu alertas para os brasileiros que querem sair do vermelho e estão suscetíveis à ação dos criminosos.

O principal deles é que os bancos participantes do programa têm os próprios canais para correntistas. Ou seja, quem é endividado deve procurar diretamente a instituição financeira, e não o contrário. Por isso, qualquer suposto contato bancário é sinal de golpe.

Clique aqui para ver os bancos que aderiram ao Desenrola.

O programa do Ministério da Fazenda entrou em operação em 17 de julho. Com o início das atividades, 1,5 milhão de pessoas que devem até R$ 100 saíram da lista de negativados. Além disso, cidadãos com renda de até R$ 20 mil poderão renegociar as pendências diretamente com as instituições financeiras.

As renegociações valem para dívidas inscritas até 31 de dezembro de 2022, e que permanecem ativas. O prazo mínimo para pagamento das operações é de 12 meses (leia sobre as regras do programa mais abaixo).

Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nos três primeiros dias de funcionamento do Desenrola, mais de 2 milhões de brasileiros saíram do vermelho. A expectativa é que, nesta primeira fase de operações, 30 milhões de brasileiros sejam beneficiados.

O mandatário comemorou o sucesso do projeto, durante a última transmissão do programa Conversa com o Presidente, e afirmou que a iniciativa servirá para “libertar” milhões de brasileiros que hoje se encontram endividados.

Para sair do vermelho e não voltar

Segundo os especialistas consultados pelo Metrópoles, os brasileiros precisam compreender que o programa não significa o apagamento da dívida. Portanto, manter o pé no chão e garantir o planejamento financeiro é fundamental – apesar das novas facilidades do programa.

O assessor de Investimentos Gabriel Moraes, do escritório Arcani Investimentos, orienta que, para saber se o programa vale a pena no seu caso, é bom “verificar com as empresas que você tem as dívidas primeiro. Ou seja, vale tentar negociar diretamente com a empresa, pois muitas vezes é possível conseguir uma taxa de juros menor, prazo maior ou algum tipo de acordo”.

Outro ponto importante é confirmar em qual faixa do Desenrola você se enquadra. “Não tenha pressa em aderir ao programa, pois a Fase 1 proporcionará maiores descontos e poderá ser muito mais vantajosa para você”, adiciona Marcos Piellusch, professor de Finanças da FIA Business School. A previsão é que as negociações da Faixa I comecem em setembro.

Além dessas, os especialistas elencaram outras orientações antes de iniciar as negociações:

• Em primeiro lugar, observe se o valor da parcela cabe no seu orçamento. Em seguida, organize-se para programar melhor seus gastos. Lembre-se que a parcela da renegociação passará a ser um gasto mensal, e que uma parte de sua renda será destinada obrigatoriamente a cumprir essa obrigação;
• Organize seu orçamento pessoal, registrando os gastos mensais fixos e indispensáveis, como aluguel, condomínio, contas de consumo, escola, etc.
• Registre também os gastos variáveis, mas que são fundamentais, como alimentação e transporte. Some os parcelamentos de dívidas e de outras compras que você fez no cartão de crédito ou crediário. Assim você saberá quanto gasta efetivamente por mês e quanto terá de folga para gastos extraordinários.
• Se quiser fazer uma compra, guarde dinheiro usando essa folga, ou faça parcelamentos até esse limite de folga, nunca mais do que isso.

Dicas para se proteger dos golpes

Como funciona o programa?

O Desenrola terá duas faixas de renegociações. A faixa 1 é para cidadãos com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640, ou inscritas no CadÚnico) e dívidas de até R$ 5 mil. Para esse grupo, uma plataforma especial de negociação entrará em vigor em setembro.

Poderão ser renegociadas dívidas de até R$ 5 mil, feitas entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022.

Já a faixa 2, para os que ganham entre dois salários mínimos e menos de R$ 20 mil, terá negociações diretas entre os clientes e as instituições financeiras. Esse é o grupo cujos trâmites começaram nesta semana.

No programa, não poderão ser financiadas dívidas de crédito rural, financiamento imobiliário, créditos com garantia real, operações com funding ou risco de terceiros. Segundo a portaria, as dívidas oriundas de empréstimo consignado serão atendidas.

Veja as regras para pagamento:

• O pagamento da dívida poderá ser feito à vista ou por financiamento bancário, divido em até 60 vezes, sem entrada;
• A taxa de juros do parcelamento será de 1,99% ao mês;
• A primeira parcela terá de ser paga após 30 dias;
• No caso de parcelamento, o pagamento pode ser realizado em débito em conta, boleto bancário e Pix. O pagamento à vista será feito via plataforma, e o valor será repassado ao credor;
• Caso o devedor deixe de pagar as parcelas da dívida renegociada, o banco iniciará o processo de cobrança, e poderá fazer nova negativação.