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Desemprego entre jovens no Brasil tem maior taxa em 27 anos, diz OIT

Quase 30% dos brasileiros com menos de 25 anos estão sem trabalho, um índice duas vezes maior do que a média mundial

atualizado

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Desemprego
1 de 1 Desemprego - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O desemprego entre os jovens no Brasil é o maior dos últimos 27 anos. Dados apresentados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que, ao fim de 2017, 29,9% dos jovens brasileiros estarão sem trabalho. O índice é mais de duas vezes superior à media internacional.

Segundo a OIT, o desemprego entre jovens no mundo é de cerca de 13,1%. A situação brasileira só é equivalente às taxas registradas nos países árabes, que viram a situação desencadear uma importante crise política e social a partir de 2011.

Hoje, entre as mais de 190 economias avaliadas pela OIT, 36 delas têm uma situação pior que a do Brasil para os jovens. Na Síria, por exemplo, a taxa de desemprego nessa faixa é de 30,6% e no Haiti, de 34%.

A queda no crescimento da economia brasileira, a informalidade e as incertezas de investimentos foram responsáveis pelo aumento do desemprego brasileiro em geral e também entre os jovens “Houve uma enorme desaceleração de alguns países, entre eles o Brasil”, disse a diretora de Política de Desenvolvimento e Emprego da OIT, Azita Awad.

Em 1991, a taxa brasileira de desemprego entre os jovens era de 14,3% e, em 1995, chegou a cair para 11,4%. Mas a segunda metade da década de 90 registrou um aumento, com um pico em 2003. Naquele ano, o desemprego de jovens era de 26,1%. Entre 2004 e 2014, a taxa caiu, chegando a 16,1%. E, com a crise, voltou a subir, atingindo 27,1% no ano passado. A estimativa da OIT para este ano é de 29,9%.

América Latina
A situação brasileira acabou afetando as médias de toda a região latino-americana, que teve o maior salto de desemprego no mundo entre essa camada da população. O continente terminará 2017 com o índice mais alto desde 2004. A taxa entre os jovens chegará a 19,6%, contra 14,3% em 2013. Apenas neste ano, mais 500 mil jovens ficarão desempregados e a região deve somar 10,7 milhões de pessoas nessa situação.

Questionada sobre o impacto na América Latina, Awad fez alusão ao movimento de contestação que gerou a Primavera Árabe. “Basta ver o que ocorreu no Norte da África”, alertou. Segundo ela, empregos estão no topo das prioridades para essas sociedades.

Os números latino-americanos contrastam com os dados da América do Norte e da Europa. Nos Estados Unidos e no Canadá, a taxa deve ser a menor desde 2000, com 10,4% dos jovens desempregados. Na Europa, a crise de 2009 ainda é sentida. Mas os números de desemprego começam a perder força. O ano de 2017 deve fechar com uma taxa de 18,2%, o quarto período consecutivo de queda. Em 2013, essa taxa chegou a 23,3%.

No mundo, um total de 70,9 milhões de pessoas com até 24 anos estão sem trabalho. Esse número deve piorar em 2018, com 71,1 milhões de jovens desempregados.

Nem-nem
Os dados também revelam que uma parte considerável dessa camada da população deixou de procurar emprego. Em 1997, 55% das pessoas com até 24 anos estavam no mercado de trabalho. Hoje, essa taxa é de 45%. Para a OIT, essa queda não significa apenas que eles estão permanecendo nas escolas e universidades por mais tempo. Um indicador disso é que 21,8% nem trabalham nem estudavam em 2017.

Outro destaque da OIT se refere ao número de jovens que, mesmo trabalhando, não consegue sair da pobreza. No mundo, esse total chega a 160 milhões de pessoas, que ganham menos de US$ 3,1 por dia. “Eles representam 39% de todos os jovens que trabalham”, destaca a diretora da entidade. Na América Latina, a taxa é de 9,1%, com 4 milhões de pessoas vivendo nessa situação.

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