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Desempenho nas municipais expõe divisão e necessidade de ajustes no PT

Após resultado abaixo do esperado, lideranças do PT bateram cabeça por mudanças na estratégia para eleições

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1 de 1 Imagem colorida de bandeira do PT - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O resultado das eleições municipais expôs uma série de divergências na alta cúpula do PT e levou nomes da sigla a pedirem por mudanças nas estratégias para evitar um novo fiasco em 2026.

A legenda conquistou 252 prefeituras neste ano, um aumento de 37% em relação a 2020, quando o partido venceu em 183 cidades. Mas o número ainda está abaixo dos resultados obtidos antes da Operação Lava Jato.

Na segunda-feira (28/10), um dia após o segundo turno, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, avaliou as perdas e os ganhos, pesando o “tsunami da reeleição”, que teria favorecido Ricardo Nunes (MDB) para seguir na prefeitura de São Paulo, por exemplo, mas celebrando a derrota dos bolsonaristas, inclusive ex-ministros da gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Em conversa com jornalistas na segunda-feira (28/10), logo após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a dirigente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o ministro fez uma comparação da sigla petista com a zona de rebaixamento no futebol.

“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016, nas eleições municipais. Então, teve conquistas importantes, a eleição na capital, elegeu cidades importantes neste 2º turno, mas ainda tem um esforço de recuperação”, disse.

O ministro também defendeu que o partido faça uma “avaliação profunda” após o resultado inferior ao esperado.

Reação

A fala gerou uma reação da presidente da sigla. Nas redes sociais, Gleisi criticou nominalmente o titular das Relações Institucionais. “Temos de refrescar a memória do ministro Padilha, o que aconteceu conosco desde 2016 e a base de centro e direita do Congresso, que se reproduz nas eleições municipais, que ele bem conhece”.

“Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças”, seguiu.

“Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam”, concluiu.

Gleisi reconheceu que, por ser o partido do titular do Planalto, havia “expectativa do PT ter números maiores do que tem. Eu diria que até uma expectativa mais externa do que interna”.

Apoio a Boulos

Outro ponto de divergência entre lideranças do partido foi o apoio à campanha de Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura de São Paulo. O vice-presidente da sigla, o prefeito de Maricá (RJ) Washington Quaquá, afirmou que a candidatura do psolista foi uma “morte anunciada”.

“A candidatura errada na cidade errada! Havia Márcio França, Tabata Amaral e até a Ana Stella Haddad, que nunca disputou eleição, mas poderia dialogar com uma ala mais conservadora nas periferias e classe média”, avaliou o petista.

“Escolhemos uma candidatura com um teto de limite de eleitor de esquerda. Parece que voltamos a reaprender a gostar de perder”, ressaltou. “O PT precisa rever suas pautas e suas prioridades urgentemente”, completou o prefeito.

A declaração também foi rebatida por Gleisi. A presidente do PT saiu em defesa de Boulos. “Eu me pergunto, quem do PT iria disputar ou que outra candidatura seria construída no campo do centro, da centro-direita, em São Paulo? Teria que ser Boulos, sim, foi o melhor candidato que nós tivemos”, defendeu a presidente, acrescentando que o psolista esteve com o PT “nos piores momentos”.

Único cabo eleitoral

Outro drama que o PT enfrentou nessas eleições é a imagem de Lula como um cabo eleitoral isolado. O presidente admitiu ter se envolvido de forma tímida no primeiro turno para preservar a relação já complicada com o Congresso Nacional e, conciliando com a agenda institucional, apareceu em um número reduzido de comícios.

No segundo turno, os compromissos foram turbinados em locais tido como importantes, a exemplo de São Paulo, com Guilherme Boulos (PSol); Belém, com Igor Normando (MDB), que é a cidade sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30); e Fortaleza, com Evandro Leitão (PT).

A vitória de Leitão consolidou o ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), como potencial auxiliar de Lula para virar votos. Fortaleza foi a única capital conquistada pelos petistas nesse pleito.

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