Desembargador manda soltar cantor Belo no Rio de Janeiro
Artista passou a ser investigado após fazer show com aglomeração no Complexo da Maré, durante o Carnaval
atualizado
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A Justiça aceitou o pedido de habeas corpus da defesa do cantor Belo. A decisão é do desembargador Milton Fernandes de Souza e saiu na madrugada desta quinta-feira (18/2), segundo informação da TV Globo.
O artista foi preso na tarde da última quarta-feira (17/2) pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em Angra dos Reis, costa verde do estado, por meio da operação “É o que eu mereço”, em referência a uma das músicas de Belo. O cantor foi levado para a Polinter.
Belo é investigado por ter feito um show no Centro Integrado de Educação Pública, na Maré, durante o Carnaval, sem permissão das autoridades públicas, que proibiram aglomerações como medida de combate à pandemia.
A polícia cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e três de prisão expedidos pela Justiça: contra os sócios da produtora, Célio Caetano e Henrique Marques, e o homem apontado como chefe do tráfico de drogas no Parque União — identificado como Jorge Luiz Moura Barbosa Alvarenga –, que não foi encontrado.
Em outra ação, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática cumpriu a primeira decisão deferida de sequestro e indisponibilidade de bens na sede da empresa Ingresso Certo, referente aos valores recebidos com a venda de bilhetes para a Festa Fresh Day Party.
“Verifica-se que o cenário desenhado é um dos mais absurdos possíveis, na medida em que o ‘evento contagioso’ não foi autorizado pelo Estado, mas pelo chefe criminoso local, que também teve a sua prisão preventiva decretada”, pontuou o delegado Gustavo Castro, titular da DCOD.
Belo e sua família divulgaram nota na quarta em que dizem estar surpresos com a prisão preventiva do cantor. No texto, o artista pede desculpas pelo show, mas questiona a decisão da Justiça. Afirma que a atração foi legalmente contratada pela produtora Série Gold e aponta o fato de eventos culturais em outras regiões da cidade não terem sido alvo de investigação.
“O espanto se dá em razão de a prisão ter ocorrido mesmo após parecer contrário do Ministério Público (MP) e também da falta de isonomia quando se trata de apresentações artísticas durante a pandemia da Covid-19, pela qual Belo teve a saúde acometida há três meses e a agenda cancelada integralmente há um ano”, destacou a nota. Para a equipe do cantor, a detenção demonstra preconceito com a favela e o pagode.
Gracyanne Barbosa se manifestou sobre a prisão do marido. “Precisamos trabalhar. Seria ideal se pudéssemos ficar esperando a vacina. Mas como pagamos nossas contas?”, indagou, segundo a coluna de Léo Dias.