“Desejo que eles tenham uma filha mulher”, diz vítima de estupro no RJ
Jovem afirmou também que se sentiu desrespeitada ao ser interrogada. “Todo mundo ria”, lembrou
atualizado
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A adolescente de 16 anos que foi vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro afirmou que se sentiu desrespeitada durante o depoimento que prestou na Delegacia de Repreensão de Crimes de Informática (DRCI). A garota declarou que durante a conversa com o delegado titular, Alessandro Thiers, outros agentes que estavam na sala de interrogatório não demonstraram preocupação com o estado da vítima. “Não me senti à vontade. Tinha uma porta de vidro onde todo mundo passava e ria”, lembra. “Ele (o delegado) me perguntou se eu gostava de fazer aquilo, se já tinha feito antes. Eu pedi para ele parar”, comentou, em entrevista ao programa Fantástico.
“Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa de ter sido estuprada”, completou. “Por isso que nenhuma mulher registra queixa”. O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, declarou que a atitude do delegado será investigada. Neste domingo a coordenação da investigação sobre o crime foi transferida para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).Durante a entrevista, a jovem lembrou do momento do abuso, reiterou que não usou drogas e acredita ter sido dopada. “Quando acordei tinha um menino em baixo de mim, outro em cima e dois me segurando. Aí comecei a chorar. Eles falavam que eu era piranha e vagabunda”, relatou.
Ela agradeceu o apoio que vem recebendo, mas também mostrou revolta com as crítica. “Tem pessoas defendendo (a atitude dos estuprados), dizendo que estou mentindo. Sendo que tem um vídeo mostrando tudo. Não interessa se eu estava com roupa curta, ninguém merece passar por isso”.
Sobre os homens que a estupraram, ela foi clara. “Desejo que eles tenham filhas mulheres”.
Advogada é dispensada
A família da jovem anunciou neste domingo que decidiu dispensar a advogada Eloísa Samy Santiago, que defendia a adolescente no caso. Eloísa foi informada da decisão pela avó da adolescente, numa mensagem de áudio via celular.
Segundo Eloísa, a família também informou que aderiu ao Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, em parceria com o governo federal.
A advogada se disse “aliviada” com a decisão da família, porque estava conduzindo o trabalho sozinha, e demonstrou confiança nos órgãos do Estado, como o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Defensoria Pública.