Desde 2005, Brasil registrou, em média, 12 mortes por afogamento a cada dia
Até maio de 2020, foram registrados 1.422 óbitos por afogamento acidental. A maior parte das mortes foi em áreas naturais de águas
atualizado
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Familiares de Luís Gabriel da Silva Oliveira, brasiliense de 27 anos, enfrentaram uma tragédia no último fim de semana: o jovem morreu após cair de uma lancha no Lago Paranoá, na noite do último sábado (10/10), em Brasília.
No Brasil, o rapaz faz parte de uma estatística triste e preocupante. Desde 2005, 26.325 pessoas morreram em decorrência de afogamentos acidentais. Para se ter maior dimensão do problema, isso significa 12 mortes a cada 24 horas. Os números fazem parte de levantamento feito pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base nos balanços do Ministério da Saúde.
Em 2020, até maio, foram registrados 1.422 óbitos por afogamento acidental. Deles, a maior parte – 746 – foi em áreas naturais de águas. Os meses de verão pré-pandemia impulsionaram os números: janeiro a março representaram 84% do total. Em comparação com 2019, no mesmo período de tempo, houve uma redução de 22%.
A realidade pode mudar. Segundo o Ministério da Saúde, “os boletins referentes ao ano de 2019 estão disponíveis em caráter preliminar, sendo passíveis de alterações após o processo habitual de limpeza e validação. O banco de dados 2020 ainda se encontra em aberto para recebimento de registros e também para qualificação após investigação”.
Entre as vítimas, os mais afetados são os jovens de 20 a 29 anos. A segunda faixa etária mais atingida é de 30 a 39. Mortes entre crianças de até 14 anos, no entanto, não são poucas. Um bebê alagoano de 1 ano e 4 meses, que morreu afogado após cair em balde com água nessa terça-feira (13/10), é um dos números da tragédia. Em 2020, foram 230 brasileiros nesta faixa etária que perderam a vida dentro da água.
Levantamento da ONG Criança Segura aponta essa como a segunda maior causa de morte acidental e a sétima de hospitalização entre crianças. E, diferentemente dos jovens, as piscinas residências são as maiores vilãs: 59% das mortes na faixa de 1 a 9 anos ocorrem nelas.
“Afogamento não é acidente, não acontece por acaso, tem prevenção, e esta é a melhor forma de tratamento”, ressaltou o médico David Szpilman, em boletim da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa).
Veja como prevenir
Ao contrário do que se imagina, afogamentos ocorrem de maneira silenciosa. A típica cena da vítima debatendo-se na água e gritando por socorro é pouco descrita por testemunhas.
Para evitar incidentes do tipo, o Ministério da Saúde elenca dicas de prevenção:
- Qualquer reservatório de líquidos (baldes, bacias, banheiras, tanques) deverá ser esvaziado após uso.
- Conservar a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrado com algum dispositivo de segurança “à prova de criança” ou manter a porta do banheiro trancada.
- Manter cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos trancados ou com alguma proteção que não permita “mergulhos”.
- Crianças não devem ser deixadas sozinhas na banheira. Na hora do banho, procurar ter tudo em mãos (toalha, sabonete, roupa) para não se ausentar do local.
- Em passeios de barco e afins usar sempre o colete salva-vidas – é mais seguro que flutuadores (boias de braço, câmara de pneu, prancha).
- Crianças maiores devem aprender a nadar e serem educadas a evitar brincadeiras agressivas à beira de piscinas, lagos e rios.
- Nunca ingerir álcool ou outras drogas à beira de piscinas, lagos, rios ou em embarcações.
- Ler e respeitar avisos de segurança em locais públicos, como praias.
- Procurar locais onde haja salva-vidas e não mergulhar em águas turvas.
- Procurar nadar longe de cais, embarcações, rochas e correntezas. Em lagoas e represas geralmente se desconhece sua profundidade e a existência de eventuais buracos.
- Piscinas e similares devem ser adequadamente cercadas (1,5 m de altura e espaço entre grades menor ou igual a 12 cm) e de preferência com portão e tranca. A presença de brinquedos dentro da piscina deve ser evitada.
- Ao construir a piscina residencial deve-se obedecer a normas técnicas de segurança, tais como a profundidade permitida.
- Nunca desafiar seus próprios limites.