Desaparecimento no Amazonas: procuradores deixam defesa de suspeito
As prefeituras de Atalaia do Norte e de Benjamin Constant, no Amazonas, confirmaram o afastamento
atualizado
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Os procuradores municipais de Atalaia do Norte e de Benjamin Constant, no Amazonas, abandonaram a defesa do pescador Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos. O homem, conhecido como “Pelado”, foi detido suspeito de envolvimento no sumiço de duas pessoas na reserva Vale do Javari.
Na tarde desta quinta-feira (9/6), as prefeituras municipais divulgaram nota e confirmaram que os procuradores não atuariam mais no caso.
A Prefeitura de Atalaia do Norte informou que Ronaldo Caldas da Silva Maricaua foi procurado pela família de Amarildo para defender o suspeito, atuando como advogado particular.
Já a Prefeitura de Benjamin Constant afirmou que mesmo Davi Barbosa de Oliveira sendo procurador do município, a legislação permite a atuação como advogado particular e ressaltou que o serviço não tem relação com a gestão municipal.
As duas prefeituras afirmam que a atuação ocorreu por as cidades possuírem um número limitado de advogados.
“Pelado” está preso em Atalaia do Norte, no Amazonas, e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (9/6).
O desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira chega ao quinto dia. A dupla foi vista pela última vez no domingo (5/6).
O que se sabe até o momento sobre Pelado, suspeito detido pelo desaparecimento:
- Policiais militares prenderam Pelado na terça-feira (7/6).
- No momento da prisão, ele estava com armas e munição de uso restrito.
- A lancha do suspeito foi vista perseguindo o barco do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.
- Pelado passaria por uma audiência de custódia na quarta-feira (8/6), mas a juíza Jacinta Silva dos Santos resolveu deixar para esta quinta-feira, ainda sem horário definido.
- Testemunhas contam que logo depois que Bruno e Phillips deixaram a comunidade, o barco de Pelado foi visto parado com outras pessoas dentro.
- A Polícia Federal realiza testes com luminol na lancha de Pelado para identificar possível material genético e digitais na embarcação.
- Pelado teria ameaçado o indigenista Bruno Araújo Pereira e ironizado o fato de ele andar armado em razão de ameaças que vinha sofrendo.
Investigações
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, disse que não descarta qualquer linha de investigação, inclusive a hipótese de homicídio, no caso.
Em entrevista coletiva transmitida ao vivo de Manaus na quarta-feira (8/6), a corporação afirmou que as buscas continuam. “Estamos averiguando se houve algum crime nesse desaparecimento”, frisou Fontes.
Veja imagens das buscas da PF pelos desaparecidos:
Ao todo, segundo a Polícia Federal, 250 agentes e dois aviões atuam nas buscas. A Justiça Federal determinou que o governo acione helicópteros, embarcações e equipes de buscas da Polícia Federal, das forças de segurança ou das Forças Armadas para intensificar o rastreio dos desaparecidos.
O secretário de Segurança Pública do Amazonas, general Carlos Alberto Mansur, afirmou que cinco testemunhas e um suspeito foram ouvidos. “Intensificamos o policiamento na cidade. Estamos abordando as pessoas”, frisou.
A decisão ressalta que a terra indígena Vale do Javari recebe baixa proteção e fiscalização. A juíza explicou que a situação daquele território é bastante grave e requer medidas mais incisivas do governo federal.
“Ficam o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União autorizados a requisitar diretamente das instituições referidas, todas com expertise na Região Amazônica, Polícia Federal, Comando Militar da Amazônia e Força Nacional de Segurança, as providências urgentes e necessárias ao cumprimento da presente decisão”, escreveu.
Veja a decisão na íntegra:
Decisão da Justiça Federal por aumento de força-tarefa em busca de desaparecidos na Amazônia by Metropoles on Scribd
A jurisdição do Tribunal Regional Federal da 1ª Região engloba o Distrito Federal e os seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), os dois profissionais desaparecidos se deslocavam com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que atua perto do Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar algumas entrevistas com os habitantes daquela região.
De acordo com relatos, o desaparecimento ocorreu durante o trajeto da comunidade Ribeirinha São Rafael à cidade de Atalaia do Norte.
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