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Desafios dos indígenas LGBTQIA+ dentro e fora das suas comunidades

Discriminados por serem indígenas, povos originários tentam, cada vez mais, ganhar voz na luta LGBTQIA+

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Foto colorida de Samantha Terena - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Samantha Terena - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma série de desafios para garantir sua sobrevivência no país. Além da tradicional luta pela demarcação de terras e pela representatividade comum aos povos, os indígenas LGBTQIA+ ainda têm que conviver com o preconceito e a exclusão dentro e fora das suas comunidades.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 300 etnias indígenas no Brasil, com aproximadamente 900 mil pessoas. No entanto, a falta de visibilidade e reconhecimento da diversidade de gênero e sexualidade dentro dessas comunidades ainda impõe diversos obstáculos.

Preconceito

Indígenas LGBTQIA+ relataram ao Metrópoles que enfrentam o preconceito dentro e fora das comunidades, o que pode resultar em exclusão social e até mesmo casos de violência.

“Tenho um enfrentamento duplo por ser mulher indígena e por ser trans. Porque, antes mesmo da minha sexualidade, da minha condição sexual e da minha identidade de gênero, o preconceito indígena chega na frente”, contou Samantha Terena, mulher trans, ativista e estudante de serviço social.

Samantha é do povo Terena, do Mato Grosso do Sul, e luta pela demarcação do território Taunay/Ipegue e por mais representatividade LGBTQIA+ dentro da sociedade.

A ativista conta que sofreu preconceito, tanto na sua comunidade indígena quanto no seu convívio familiar, por ser uma mulher trans. “A gente paga um alto preço por ser uma mulher trans, um preço social, familiar. A partir do momento em que você decide ser quem você é, você paga um alto preço por não se encaixar no estereótipo da sociedade”, disse.

“Existe um preconceito velado dentro das comunidades indígenas”, acrescentou Samantha.

No movimento de retomada dos territórios indígenas, Samantha conta que sofreu uma série de ameaças de fazendeiros das regiões próximas às terras por ser uma mulher trans e indígena, durante a sua estadia em Aquidauana (MS).

Com temor pela sua própria vida e pela segurança de seus familiares, Samantha decidiu, então, voltar para sua terra e se proteger.

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Após super a transfobia e outros preconceitos, Samantha se sente mais acolhida pelo povo Terena
Samantha está em Brasília, no Acampamento Terra Livre, para pedir agilidade no processo de demarcação de terras
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Samantha Terena luta por mais representatividade dentro da sociedade

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Após super a transfobia e outros preconceitos, Samantha se sente mais acolhida pelo povo Terena

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Samantha está em Brasília, no Acampamento Terra Livre, para pedir agilidade no processo de demarcação de terras

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Superação

Após anos de luta para ser aceita como ela é, Samantha, atualmente se sente mais acolhida dentro da comunidade por ser uma mulher trans e ativista.

“Acredito que, hoje, a nova geração LGBT sofre menos preconceito. Boa parte dessa conquista veio da minha luta, da minha resistência e de bater no peito e dizer: ‘Eu sou quem eu sou e tenho que ser respeitada’. Ser diferente também é normal”, disse a ativista.

Com a superação dos preconceitos, Samantha ocupa um lugar de liderança indígena e LGBT, e destaca que hoje venceu a transfobia.

“Eu venci o preconceito. Eu venci a transfobia. Eu sou uma resistência como indígena, como LGBT, como mulher e como travesti”, declara Samantha.

Coletivo

Homem gay, jornalista e fundador do Mídia Indígena, Erisvan Guajajara contou ao Metrópoles que sentiu a necessidade de reunir indígenas LGBTs após encontrar colegas que sofreram preconceito dentro das suas comunidades.

“São pessoas que enfrentam um preconceito duplo, por ser indígena e LGBTQIA+. Então, a gente decidiu se reunir. Na época, a gente criou um grupo chamado ‘Floresta pela Luta’ e começamos a trabalhar, discutir, marcar encontros. A partir daí, surgiu o coletivo tybyra, formado por vários LGBTs com diversos povos diferentes, e começamos a trabalhar essa pauta dentro do movimento indígena”, explicou Erisvan Guajajara.

No Acampamento Terra Livre (ATL) deste ano, os indígenas LGBTQIA+ ocuparam a plenária da mobilização, pela segunda vez, para debater a representatividade desses povos.

“A cada momento que passa, a cada encontro, as lideranças têm mais respeito, vão entender e compreender que a gente está aqui para somar. A gente luta pela demarcação dos territórios, pelos nossos direitos, e nós temos diversos corpos e territórios que ocupam esse espaço e que estão invisibilizados”, ressaltou Erisvan.

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Formado em jornalismo, Erisvan compartilha a luta dos povos indígenas com respeito às crenças e culturas de cada etnia
No Acampamento Terra Livre, Erisvan participou da plenária que discutiu a representatividade LGBTQIA+ dentro da causa indígena
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Erisvan Guajajara é um dos fundadores da Mídia Indígena e do Coletivo Tybyra

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Formado em jornalismo, Erisvan compartilha a luta dos povos indígenas com respeito às crenças e culturas de cada etnia

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No Acampamento Terra Livre, Erisvan participou da plenária que discutiu a representatividade LGBTQIA+ dentro da causa indígena

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A falta de representatividade dificulta a criação de políticas públicas que contemplem suas necessidades específicas, como o acesso à saúde e à educação. Além disso, muitos indígenas LGBTQIA+ têm dificuldades para encontrar apoio e orientação em seus próprios povos.

Os indígenas LGBTQIA+ também tentam ganhar mais espaço na luta pela demarcação de territórios, o que pode resultar em conflitos com fazendeiros e grileiros, que invadem suas terras e destroem os seus territórios.

Veja relatos de Samantha e Erisvan:

Os indígenas estão em Brasília para o Acampamento Terra Livre, maior mobilização dos povos originários.

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