Deputado Otoni de Paula teve celular e notebook apreendidos pela PF
Deputado é alvo de operação da Polícia Federal. Mandados fora expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
atualizado
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O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) teve o celular pessoal e um notebook apreendidos pela Polícia Federal (PF). A corporação realiza, nesta sexta-feira (20/8), uma operação contra o parlamentar e o cantor Sérgio Reis, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A PF apura “eventual cometimento do crime de incitar a população, por meio das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a democracia, o Estado de Direito e suas instituições, bem como contra os membros dos Poderes”.
Ao todo, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os agentes da Polícia Federal também foram ao gabinete do parlamentar, na Câmara dos Deputados. Horas após as buscas em sua residência, Otoni de Paula iniciou uma transmissão ao vivo no Facebook.
“Levaram só o meu celular, não acharam joias na minha casa, porque não tenho joias. Não acharam dinheiro, porque não tenho dinheiro. O único dinheiro que eu tenho é aquele que está no banco, que todo trabalhador tem. Levaram também um laptop. Enfim, foi isso que eles levaram aqui”, disse o deputado.
Otoni também afirmou que foi intimado a comparecer à Polícia Federal ainda nesta sexta-feira. Na transmissão, o deputado avaliou como “vergonhosa” a ação de Alexandre de Moraes, e disse que “não vai recuar”.
“Vamos em frente, com muita coragem, mostrando que nós não temos medo de tirania, seja ela de quem for, inclusive do senhor tirano ministro Alexandre de Moraes. Que vergonha, ministro”, disse.
No vídeo, que tem cerca de 9 minutos de duração, Otoni de Paula afirma que o magistrado do STF tem uma “postura antidemocrática” e diz que, “um dia, todos darão conta a Deus”.
“Que postura antidemocrática que vossa excelência tem tido. Mas é assim mesmo. Um dia nós todos, ministro, vamos dar conta a Deus. Eu vou dar conta a Deus e o senhor também vai dar conta a Deus. Se a justiça aqui na terra falhar, a justiça divina, essa não falha nunca”, assinalou.
Veja o vídeo:
Otoni de Paula também disse que o Brasil vive em estado de exceção e afirmou que o ministro Alexandre de Moraes tem um comportamento “déspota”. O conceito diz respeito a governos com características autoritárias.
“Claro que estamos vivendo de exceção no Brasil. Claro que em estado de exceção você pode ser preso. O ministro Alexandre de Moraes tem tido um comportamento autoritário, e por isso que eu já adjetivei o comportamento dele como déspota”, afirmou.
Denúncias
Em julho de 2020, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o deputado federal (STF) pelos crimes de difamação, injúria e coação.
De acordo com a denúncia, o deputado federal fez, em 16 de junho e 5 de julho deste ano, duas transmissões ao vivo pela internet nas quais imputou, por cinco vezes, fatos afrontosos à reputação do ministro Alexandre de Moraes e, por 19 vezes, ofendeu a dignidade e o decoro do magistrado.
“O parlamentar também é acusado de, nessas duas ocasiões, empregar violência moral e grave ameaça para coagir Moraes e, com isso, beneficiar a si mesmo e ao jornalista Oswaldo Eustáquio Filho”, diz a PGR.
Em janeiro deste ano, o juiz Guilherme Madeira Dezem, da 44ª Vara Cível de São Paulo, condenou Otoni de Paula (PSC-RJ) a pagar R$ 70 mil de indenização ao ministro Alexandre de Moraes, devido aos ataques feitos pelo parlamentar nas redes sociais.