Deputada Flordelis é intimada a depor sobre morte de pastor Anderson
Imagens mostram movimentação fora da casa na noite do crime. Todas as pessoas presentes no local são investigadas
atualizado
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A Polícia Civil informou, na noite dessa sexta-feira (21/06/2019), que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) será intimada a depor sobre a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, 42 anos, assassinado no domingo (15/06/2019) na garagem de casa, em Niterói, no Rio de Janeiro. A oitiva da parlamentar será na segunda-feira (24/06/2019). A informação é do jornal O Globo.
Depois que os filhos dela foram ouvidos pela polícia, a participação da parlamentar no assassinato não é descartada, assim como o envolvimento de outras pessoas que estavam no local do crime.
A polícia confirmou, ainda, que houve quebra de sigilo telefônico de Anderson e de Flávio de Souza, que confessou ter disparado seis vezes contra o padrasto. Segundo a delegada Barbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, a confissão dos filhos do pastor implica no fim da investigação. A motivação do crime ainda não foi definida, mas a possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte) foi descartada.
Imagens
A polícia analisa vídeos registrados por câmeras de segurança do lado de fora da casa, na noite do crime. As imagens, exibidas com exclusividade pela TV Globo, mostram o momento exato em que o filho Lucas dos Santos, de 18 anos, chega à residência. Ele foi preso na segunda-feira (17/06/2019).
O rapaz entra na casa carregando uma mochila, às 3h. Depois de 15 minutos, ele volta correndo. A polícia considera que Anderson foi morto às 3h25. Em seguida, quem sai do local é Flávio de Souza, que também está preso.
De acordo com a Globo, os investigadores encontraram a arma do crime, um edredom cheio de sangue e uma fogueira feita no quintal da casa. Não houve identificação de nenhum objeto incinerado.
Em nota, a assessoria da deputada Flordelis informou que recebeu uma intimação para depor como testemunha e não como investigada. “Os fatos estão sendo apurados. Para que não reste dúvida, por favor, sejam específicos no questionar à polícia. A delegada responsável pelo caso, nas entrevistas que concedeu, não especificou e, como se trata de uma parlamentar, com as implicações que se tem, há a necessidade da informação prestada pela polícia ser específica e direta. Por isso, a bem da verdade, reafirmamos com base em todos os fatos e informações específicas que dispomos, que a deputada federal Flordelis não está sendo investigada”, diz o texto.
Na manhã do domingo (15/06/2019), após o crime, Flordelis conversou com a polícia pela primeira vez. Ela disse que, quando o casal chegou em casa, de madrugada, o marido voltou à garagem para buscar um objeto esquecido dentro do carro. Pouco tempo depois, ela escutou barulhos de tiros. O próximo depoimento está previsto para segunda-feira (24/06/2019).
Como foi o crime
O pastor Anderson do Carmo e a deputada Florelis tiveram juntos 55 filhos, sendo quatro biológicos. Eles moravam na comunidade do Jacarezinho quando adotaram, de uma vez, 37 crianças – todas sobreviventes de uma chacina ocorrida na estação Central do Brasil. De acordo com a deputada, essa é a sua maior bandeira.
Na segunda-feira (17/06/2019), a polícia prendeu dois filhos do casal, Lucas dos Santos e Flávio Rodrigues de Souza. Eles usaram pelo menos duas pistolas Glock calibre 9 mm. Segundo informações da polícia, os assassinos doparam o cachorro da família para chegar à residência.
Pastora evangélica e cantora gospel, Flordelis recebeu 196.959 votos no primeiro mandato, sendo a quinta mais votada no Rio de Janeiro, com 2,55% dos votos válidos no estado. Ela já havia sido candidata em 2004 a vereadora em São Gonçalo (RJ), pelo então PMDB.