Deputada defende união da esquerda para acabar com “Tucanistão” em SP
Líder do Psol na Alesp diz que não se arrepende de ter apoiado ato do MBL contra Bolsonaro e defende alianças amplas em prol da democracia
atualizado
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São Paulo – Líder do PSol na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a deputada estadual Isa Penna espera que haja uma “união da esquerda” no estado de São Paulo para “acabar com o Tucanistão” – uma referência ao domínio exercido pelo PSDB, partido com um tucano como símbolo e que tem no governador João Doria uma de suas principais lideranças nacionais.
Antes mesmo de avançar no debate, ela mesma já diz que tem dúvidas se “os egos e as disputas políticas eleitorais vão permitir” a união mencionada.
Além da visibilidade alcançada como representante do PSol, Isa Penna já apareceu no noticiário como vítima de assédio dentro do plenário da Alesp. Ela foi apalpada por um deputado durante uma sessão em dezembro do ano passado.
O PSol paulista definiu que Guilherme Boulos é pré-candidato ao governo de São Paulo, mas o partido ainda tenta angariar outros partidos para formar uma aliança forte de esquerda no estado.
Não ficou definido ainda, por exemplo, se o PT vai ou não abrir mão de candidatura própria para apoiar o candidato do PSol. Uma das possibilidades é que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, concorra ao governo estadual.
A deputada, que faz forte oposição ao governo João Doria na Alesp, diz que tem “profunda discordância” das políticas estaduais de privatizações e relacionadas ao funcionalismo público. “É um governo que considera pouco a diferença entre o público e o privado. A gente quer que a cidade seja mais inclusiva, e a privatização de equipamentos públicos torna o estado mais excludente”.
Recentemente, Isa Penna conseguiu derrubar um veto de Doria a um projeto de lei de sua autoria – o que ela destaca como a proposição de maior importância em sua atuação como deputada estadual até agora, o Dossiê Mulher.
O PL foi aprovado em 2019 pela Alesp por Isa Penna, e prevê que o poder público deverá elaborar estatísticas periódicas sobre mulheres vítimas de violência. Mas Doria vetou o projeto integralmente. Em setembro deste ano, a Alesp derrubou o veto e a lei foi promulgada.
“Ele é um projeto estrutural, para ter uma política pública séria, necessariamente você precisa ter o maior número de informações sobre o tipos de violência”, afirma a deputada.
Cenário nacional
A deputada também considera fundamental a formação de uma aliança, ainda mais ampla, para fazer frente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022 – o que poderia incluir a coligação com partidos de centro e centro-direita.
“Está na hora da gente encarar que a gente não pode ficar eternamente seguindo as táticas do petismo”, avaliou.
Nas redes sociais, a deputada chamou para o ato contra Bolsonaro realizado na Avenida Paulista no dia 12 de setembro, que foi organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Acabou criticada pela militância do PSol, por supostamente se aliar à direita. O partido, assim como outros como o PT, boicotaram publicamente a manifestação.
Ela disse não se arrepender, e considera “muito importante a presença de parte da esquerda” no ato.
Próxima eleição
Já os planos de Isa Penna para sua carreira política em 2022 são focados em concorrer novamente ao parlamento estadual.
Ela descarta, ao menos em curto prazo, disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados – mas conta que já há diversas pessoas tentando fazer com que ela concorra a uma vaga na esfera federal.
“Quando você é estadual, você fica mais próxima do povo. O parlamento federal pode virar uma bolha muito grande na vida da pessoa e a pessoa perde a noção das dificuldades do nosso povo que ainda vive na miséria. Então eu prefiro, por enquanto, continuar com o mandato estadual, tem muita coisa para ser feita”, conclui.