Depois de “você nunca vai ter nada”, ex-motoboy vira editor de vídeo
Matheus Pires, de 19 anos, sofreu ofensas racistas ao fazer a entrega de alimentos em um condomínio de classe média em São Paulo
atualizado
Compartilhar notícia
Depois de ter sido humilhado pelo morador de um condomínio de classe média em São Paulo, Matheus Pires, de 19 anos, deu uma guinada na vida e conseguiu a chance de realizar um sonho de carreira.
O morador do município de Valinhos foi contratado para o cargo de editor de vídeos em uma grande agência de publicidade na Grande SP.
De acordo com o site UOL, Rapha Avellar, de 29 anos, CEO da agência Avellar e da Cria School, ofereceu um curso de marketing da escola que fundou, além da oportunidade de emprego. Em entrevista ao portal, Matheus contou que já acompanhava o trabalho do publicitário há mais de dois anos, e considerava ele seu “ídolo”.
“Comecei a estudar edição de vídeo, sem curso, sozinho mesmo. Às vezes não conseguia fazer alguns trabalhos, então contratei uma pessoa, como sócio, para abrir o leque de oportunidades de trampo. Esse foi meu primeiro negócio”, contou o garoto, ao portal. “Eu não consegui pagar o computador, tive que vender, perdi o trampo fixo de jovem aprendiz que eu tinha. Vendi pelo valor das parcelas que estava faltando para pagar”, lembrou.
Este foi o motivo que o rapaz começou a trabalhar como motoboy, profissão que exercia quando sofreu as agressões, em julho. “Já trabalhei em mercado, empacotando compra, já teve uma vez que entreguei panfleto, sempre informal”, relatou.
No sábado (08/08), Rapha viu a repercussão do vídeo em que Matheus é ofendido e percebeu que já havia trocado mensagens com o garoto pelo Instagram. Então, ele resolveu enviar um texto de apoio.
“Meu irmão, que loucura o que rolou contigo, só te digo uma coisa: nada acontece por acaso e a forma como você se comportou é exatamente o motivo das coisas maravilhosas que vão acontecer contigo agora. Conta comigo se quiser refletir algumas decisões importantes para você”, escreveu.
Com o contato, eles passaram a conversar por WhatsApp, por onde surgiu o convite para trabalhar na agência e estudar marketing com uma bolsa de estudos.
“Eu sinto que tenho muita propriedade para estar perto dele. Eu já o ouvia quando ele tinha 16 anos, cheio de planos, de dúvidas. Eu não quero nada dele, o convite para ele vir para a Avellar veio do fato que agora ele já é maior de idade, terminou os estudos. Antes ele estava empreendendo e agora ele definiu, depois dessa empresa falida dele, que precisa aprender um pouco mais antes de começar o negócio. E eu falei que a porta estava aberta para ele”, contou o dono da empresa.