Gabriela Cid diz à PF que Mauro Cid foi responsável por fraude em cartões de vacina
A mulher de Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi intimada a depor para explicar adulterações em seu cartão, incluindo duas vacinas
atualizado
Compartilhar notícia
Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel Mauro Cid, disse à Polícia Federal (PF), na tarde desta sexta-feira (19/5), que o marido foi o responsável pela inserção de dados falsos em cartões de vacinação da Covid-19. Ela também admitiu o uso do certificado. As informações foram confirmadas por fontes na PF. A estratégia da defesa é fazer com que ela responda só por uso de documentos falsos.
A mulher depôs no âmbito da investigação do esquema de falsificação de dados da vacina contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Ela chegou à PF, em Brasília, por volta de 14h30 e o depoimento durou até por volta das 16h50. Ela deixou o local por volta das 17h10.
Ela aparece nas investigações com o cartão de vacina alterado. É, inclusive, tema de diversos áudios gravados entre alvos de busca e apreensão na Operação Venire, que levou à prisão o marido dela.
Segundo investigações da PF, informações sobre as duas doses de vacina contra Covid-19 aplicadas em Gabriela Santiago Ribeiro Cid, foram incluídas no sistema do Ministério da Saúde no dia 30 de novembro de 2021 com um intervalo de um minuto, às 16h23 e às 16h24.
No comprovante de vacinação de Gabriela Ribeiro Cid, as duas doses de vacina foram supostamente aplicadas nos dias 25 de agosto de 2021 e 15 de outubro de 2021 em um posto de saúde em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
As informações foram incorporadas ao Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDs), ligados ao Ministério da Saúde.
Viagens ao exterior
Segundo o relatório da Polícia Federal (PF), Gabriela Ribeiro Cid utilizou o comprovante de vacinação com informações falsas para viajar três vezes ao exterior, em 30 de dezembro de 2021, 9 de abril de 2022 e 21 de dezembro de 2022.
Ela ainda trocou mensagens com o marido, nas quais dizia não acreditar no imunizante para Covid. Outros diálogos também aparecem no inquérito apontando os trâmites para que as doses fossem incluídas no cartão de Gabriela, sem que ela tivesse as tomado de fato.
Prisão
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid está preso desde o dia 3 de maio, data da deflagração da operação da PF. Na ocasião, foram cumpridos 16 mandados de busca e seis de prisão.
Segundo as investigações, coronel Cid, como é conhecido, atuou diretamente para adulterar os cartões de vacina de Bolsonaro e da sua família, incluindo o da esposa.
Na quinta-feira, coronel Cid ficou em silêncio durante depoimento na PF. Ele chegou na sede da polícia por volta das 14h20 e deixou o local menos de uma hora depois.