Denunciado por Marielle, 41º Batalhão da PM é o que mais mata no Rio
Em janeiro deste ano, 41% das mortes violentas naquela região foram de autoria de policiais do 41º BPM
atualizado
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Em uma de suas últimas postagens no Facebook, a vereadora do PSol Marielle Franco, morta na noite de quarta-feira (14/3), denunciava o assassinato de dois jovens na comunidade do Acari, zona norte carioca, possivelmente com a participação de policiais. A ativista de Direitos Humanos alertava: “O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari”. Não foi a primeira denúncia de Marielle contra a unidade, que está envolvida em diversas operações violentas, com morte de suspeitos e inocentes em comunidades carentes da capital fluminense.
A reportagem relata que o batalhão foi criado em 2010 pelo então secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. O grupo é responsável pelos bairros de Irajá, Pavuna, Vicente de Carvalho e Costa Barros, onde estão os complexos de favelas da Pedreira e do Chapadão, dois dos mais violentos da cidade, cada um controlado por uma facção criminosa e ambos a 30km do centro do Rio.Conforme levantamento realizado pela Folha de São Paulo, com base nos registros do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o 41º BPM é a unidade que mais mata no estado. Desde 2011, quando os dados do batalhão começaram a ser consolidados, foram 567 casos com mortes. Em janeiro deste ano, 41% das mortes violentas naquela região tiveram como autores policiais do 41º BPM.
Histórico
Segundo o levantamento da Folha, desde sua fundação, o batalhão responde – entre os 41 existentes na região – por 12% de todas as mortes em decorrência de oposição à intervenção policial. De acordo com a reportagem, há registros de denúncias de entidades de direitos humanos sobre o comportamento dos militares desse grupo há anos. A vereadora Marielle integrava esse coro, mas não se dedicava exclusivamente a isso.
Por meio de rede social, a vereadora carioca publicou texto no qual criticava abusos do batalhão contra moradores da favela de Acari (veja abaixo). No último sábado (10/3), ativistas da comunidade denunciaram, em redes sociais, que policiais do 41° BPM invadiram casas e fotografaram documentos, nos moldes que as Forças Armadas vinham fazendo nas favelas das vilas Kennedy e Aliança, na zona oeste da cidade.
O outro lado
A Polícia Militar do Rio de Janeiro confirmou à Folha que realizou operação no Acari no último sábado (10/3) e alegou ter sido recebida a tiros. Durante a ação, os militares teriam apreendido drogas. A PM não respondeu, contudo, sobre as mortes de dois jovens citados por Marielle.