metropoles.com

Dengue pode causar sequelas em crianças? Saiba os riscos

“Eu sou uma defensora do cuidado e do uso do repelente, dengue é uma doença séria, eu quase perdi minha filha”, diz mãe

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Bloomberg Creative Photos/ Getty Images
Mosquito dengue - Metrópoles
1 de 1 Mosquito dengue - Metrópoles - Foto: Bloomberg Creative Photos/ Getty Images

O Brasil enfrenta, neste início de 2024, um aumento acelerado de casos de dengue. A doença se espalhou por todos os cantos do país e atinge pacientes de todas as idades, dos mais jovens aos mais velhos. No caso das crianças, algumas vezes o mal pode ser assintomático no início, o que leva ao questionamento a respeito dos efeitos imediatos, durante a ação do vírus, e das sequelas que ele pode deixar.

A pediatra, pneumologista pediátrica e professora no Curso de Medicina no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC), Letícia Oliveira Dias, explicou que a dengue, em crianças, normalmente, é assintomática ou leve no início ou aparece como um febre viral, o que leva muitos pais a pensarem que trata-se de uma virose qualquer e não procuram o tratamento imediato. Isso faz com que o quadro evolua para algo mais grave, o que pode, então, ser interpretado pela família como os primeiros sintomas da doença.

“As complicações podem acometer diversos sistemas do organismo: no aparelho cardíaco pode ocorrer miocardite e insuficiência cardíaca; já no sistema respiratório esse paciente pode evoluir com edema agudo de pulmão, derrame pleural e até insuficiência respiratória; no sistema neurológico há ocorrência de psicose, paralisia, neuropatias, meningite e encefalite; ocorrem também complicações hematológicas como vasculopatias, coagulação intravascular disseminada”, explica a profissional.

Ela alerta, ainda, para riscos de problemas em dois órgãos fundamentais: fígado e rins. “É importante citar as complicações em dois órgãos, o fígado que pode complicar com hepatite e insuficiência hepática, e os rins, que podem evoluir com insuficiência renal. As sequelas decorrem dessas complicações, com uma disfunção cardíaca, alteração neurológica permanente e doença renal crônica”, explica a pediatra.

9 imagens
Famílias levam crianças de 10 e 11 anos para se vacinar contra dengue
Novo imunizante é indicado para a prevenção da Covid-19 em crianças a partir de 6 meses de idade e adultos
Vacina da dengue
Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, é o principal vetor da febre amarela
1 de 9

Fila para vacinação de crianças contra dengue em posto de saúde no Cruzeiro Novo (DF)

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 9

Famílias levam crianças de 10 e 11 anos para se vacinar contra dengue

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 9

Novo imunizante é indicado para a prevenção da Covid-19 em crianças a partir de 6 meses de idade e adultos

Hugo Barreto/Metrópoles
4 de 9

Hugo Barreto/Metrópoles
5 de 9

Vacina da dengue

Reprodução
6 de 9

Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, é o principal vetor da febre amarela

GettyImages
7 de 9

Mosquito da dengue

8 de 9

Aedes Aegypti. Dengue hemorrágica: o que é e os sintomas do quadro mais grave da doença

Getty Images
9 de 9

Mosquito da dengue: Aedes aegypti

Letícia Oliveira Dias comentou que a dengue pode gerar “duas síndromes importantes que podem afetar tanto crianças como adultos, como a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) e a Síndrome de Reye”, a primeira ocorre quando “o sistema imunológico do paciente reconhece o seu próprio sistema nervoso como um invasor e promove sua destruição” e a segunda “ocorre, geralmente, após algumas infecções virais, como a dengue, e o uso de algumas medicações como a aspirina, um dos motivos, inclusive, que é desaconselhável o uso de aspirina na vigência da dengue”.

Ambas podem ser reversíveis se o tratamento foi iniciado no início da manifestação, mais um motivo pelo qual é recomendado a assistência médica nos primeiros sintomas da dengue.

Faixa etária

A médica também explicou alguns dos motivos que levaram o Sistema Único de Saúde (SUS) a iniciar a vacinação pela faixa etária de 10-14 anos. “Primeiramente, que a partir dos anos 2000, a prevalência da dengue, que antes era maior em adultos jovens e com raros registros de casos graves, apresentou um deslocamento na faixa etária de acometidos, com pelo menos 25% de indivíduos notificados e hospitalizados apresentando menos de 15 anos de idade, segundo o Ministério da Saúde”, disse ela.

Outro motivo, conforme a especialista, é que o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença grave é a segunda infecção. “Nos locais com maior incidência de casos de dengue, pressupõe-se que essas crianças e adolescentes já que foram expostos à primeira infecção nos primeiros anos da infância. Além disso, a vacina QDenga, da farmacêutica japonesa Takeda Pharmaceuticals, demonstrou melhor eficácia nessa faixa etária. Por fim, o outro grupo de risco, os idosos, ainda não foi contemplado, porque a farmacêutica ainda não concluiu os estudos de segurança e eficácia nessa faixa etária”, acrescenta.

Sequelas

Juliely Saraiva, de 35 anos, relatou que sua filha, Isabela Saraiva, na época com 9 meses, teve dengue, porém o único sintoma apresentado foi um episódio de febre repetido, que a fez levá-la ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Chegando ao hospital, Isabela começou a vomitar, com alta sonolência e teve uma série de convulsões. A criança foi internada assim que o atendimento médico foi feito.

Após uma série de exames, descobriram que Isabela estava com dengue, mas como os sintomas não diminuíam, os médicos continuaram a averiguar, até descobrirem que a criança tinha desenvolvido encefalite, inflamação cerebral causada por um vírus, no caso, pelo vírus da dengue. A encefalite colocou a menina em coma por 4 dias.

A pediatra Letícia Oliveira, explicou que “as manifestações neurológicas tem incidência entre 0,5 a 20% dos casos de dengue e podem ser explicadas por duas possibilidades: pela inflamação causada pelos anticorpos contra o vírus da dengue no sistema nervoso central e também pela própria presença do vírus no líquor (fluido presente no cérebro e na medula espinhal)”.

Como consequência da encefalite, depois da alta, Isabela Saraiva teve um retardo no desenvolvimento e apresentou paralisia cerebral leve que a faz mancar com uma das pernas. Hoje com 1 ano e 7 meses, a criança segue com os acompanhamentos fisioterápicos e médicos no Hospital Sarah para contornar as sequelas deixadas pela infecção.

“Eu sou uma defensora do cuidado e do uso do repelente, dengue é uma doença séria, eu quase perdi minha filha”, reforçou Juliely Saraiva.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?