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Dengue: explosão de casos exige prevenção e cuidados da população

Brasil pode atingir recordes de casos e óbitos pela dengue em 2024. Governo disponibilizará vacinas, mas a população deve combater o Aedes

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Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde
Foto colorida de agentes retirando fazendo vistoria
1 de 1 Foto colorida de agentes retirando fazendo vistoria - Foto: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde

O Brasil iniciou 2024 preocupado com um inimigo minúsculo, mas que tem o poder de fazer um estrago gigante: o Aedes aegypti — e, com ele, a dengue.

O país bateu recorde de mortes por dengue no ano de 2023. Foram 1.079 vidas perdidas para a doença, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Em 2024, o Brasil pode atingir números ainda piores: estimativas da Saúde apontam que os casos da doença podem ir de 1,7 milhão até 5 milhões, com média de 3 milhões.

O Brasil registrou, em janeiro, 243.721 casos de dengue. Os dados mostram aumento de 160% na comparação com janeiro de 2023, quando foram notificados 93.298.

Mesmo com maior número de ocorrências, as mortes em decorrência da doença caíram de 61, em janeiro de 2023, para 24, neste primeiro mês de 2024. Há 163 óbitos sob investigação.

Tudo é resultado de uma combinação de fatores, como calor intenso, chuvas abundantes e ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus que causa a doença. Ou seja: o país pode registrar recordes na quantidade de casos e de mortes.

Para evitar esse cenário, o governo aposta na vacina contra a dengue, recém-incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Mas nunca é demais lembrar: a população precisa fazer a sua parte.

“A vacina é nossa esperança para um futuro sem dengue, mas hoje não é o instrumento de maior impacto. Temos de, principalmente, prevenir e cuidar: fazer o controle dos focos do mosquito em nossas casas e cuidar de quem adoece. Contamos com todas e todos nessa campanha”, ressalta a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Qdenga

A partir desta semana, o Ministério da Saúde disponibilizará a vacina Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, a um público-alvo composto, inicialmente, por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que apresenta maior risco de agravamento, em regiões com maior incidência da doença. Serão duas doses, com intervalo de 90 dias entre ambas.

Foto mostra a vacina Qdenga da farmaceutica takeda
Vacina contra dengue foi incorporada ao SUS

O primeiro lote com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil em 20 de janeiro. Faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela Takeda. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.

O Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses, que devem ser entregues até dezembro. Para 2025, a pasta comprou outras 9 milhões de doses.

A vacina será aplicada na população de regiões endêmicas, distribuída em 521 municípios.

Na rede privada, também está disponível a vacina Dengvaxia, do laboratório Sanofi. Ela é indicada para pessoas entre 6 e 45 anos que já tiveram a doença. O custo varia entre R$ 400 e R$ 500.

Também na América Latina

A dengue preocupa não só o Brasil, mas toda a América Latina, principalmente neste início do ano, quando as chuvas e o calor propiciam o ambiente ideal para a proliferação do Aedes. Mas a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também demonstra otimismo com o advento das vacinas.

“Nós estamos enfrentando uma situação preocupante da dengue praticamente na América do Sul inteira. Já tivemos ano passado o maior índice de casos registrados nas Américas, com mais de 4 milhões de casos. E, nesse começo do ano, a transmissão segue muito forte. A vacina contra a dengue é uma excelente notícia”, ressalta o brasileiro Jarbas Barbosa, diretor-presidente da Opas, com sede em Washington (EUA).

Mas ele faz o alerta: evitar a proliferação do mosquito ainda é a maior arma contra a doença. “[Vacina] pode ser um instrumento importante, mas, devido às características da vacina de duas doses, por conta da quantidade muito limitada que está disponível, o grande instrumento que nós temos nesse momento para diminuir a transmissão é o controle de vetores. Por um lado, as ações dos governos e, de outro, as ações das comunidades, das pessoas. Lembrando que mais de 80% dos focos de mosquito estão no domicílio ou no peridomicílio”, diz Barbosa.

Além disso, o dirigente da Opas observa que a rede de serviços de saúde — que inclui a pública e a privada — precisa estar preparada para diagnosticar rapidamente os sinais de agravamento da dengue e, assim, evitar mais mortes.

“A grande parte dos óbitos que ocorre por dengue pode ser evitada se a rede pública e privada, as emergências e a atenção primária estiverem bem preparadas para diagnosticar os casos e identificar rapidamente os sinais e sintomas de agravamento”, destaca o diretor-presidente da Opas.

Saiba mais sobre a dengue:

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses 
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes

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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos

Guido Mieth/ Getty Images
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte

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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue

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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão

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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada

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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas

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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas

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Mortes podem ser evitadas

A dengue é uma doença febril aguda. A maioria dos doentes se recupera. Mas uma parte pode progredir para formas graves e, inclusive, vir a óbito. A quase totalidade das mortes por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada.

Veja os sintomas mais comuns:

  • dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua;
  • vômitos persistentes;
  • acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
  • hipotensão postural e/ou lipotímia;
  • letargia e/ou irritabilidade;
  • aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia) > 2cm;
  • sangramento de mucosa; e
  • aumento progressivo do hematócrito.

Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. No entanto, a doença pode progredir para formas graves, que podem levar à morte.

O tratamento é baseado, principalmente, na reposição de líquidos adequada e:

  • repouso;
  • não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme; e
  • retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica.

Em períodos em que a doença não está no seu pico é que a prevenção deve ser adotada. Por isso, além das ações realizadas pelos agentes de saúde, a população deve fazer a sua parte com ações como:

  • uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
  • remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
  • vedação dos reservatórios e caixas de água;
  • desobstrução de calhas, lajes e ralos; e
  • participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo SUS.

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