Delegados da PF condenam ingerência de novo ministro da Justiça na Lava Jato
Os agentes miram em Eugênio Aragão, que teria revelado intenção de interferir nas ações da Polícia Federal
atualizado
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Os delegados de Polícia Federal manifestaram nesta quarta-feira (16/3), “total indignação e repulsa” diante do conteúdo de grampos da Operação Aletheia, desdobramento da Lava Jato que pegou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os delegados miram no novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que teria revelado intenção de interferir nas ações da PF.
Em nota, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) destaca trechos das interceptações de conversas do ex-presidente “a respeito do subprocurador-geral da República, Eugênio de Aragão, recém-nomeado para o cargo de Ministro de Estado da Justiça”.
“É lamentável constatar que agentes públicos, que deveriam agir com imparcialidade, transparência e moralidade, para a garantia da aplicação da Constituição Federal e das Leis, queiram praticar atos de ingerência política numa das mais importantes investigações em curso no país”, assinalam os delegados.
A nota diz que a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal “já havia alertado sobre o risco de interferência política na Polícia Federal em razão da falta de autonomia da instituição”.
“Restou comprometida, desta forma, a indicação de Eugênio Aragão para o cargo de Ministro da Justiça, diante da demonstração de que teve por finalidade controlar as ações da Polícia Federal.”
Os delegados, “ante esses estarrecedores fatos”, reiteram urgência da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 412/2009 (PEC 412/2009), que estabelece a autonomia para a Polícia Federal, “garantindo que continuará a atuar de forma republicana e firme no combate ao crime organizado e à corrupção”.