Delegado sobre ação no Jacarezinho: “Única execução foi a do policial”
Felipe Curi, chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada, lamentou mortes, mas disse que tudo foi feito dentro da lei
atualizado
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Rio de Janeiro – A Polícia Civil do Rio de Janeiro tem convicção de que agiu dentro da lei durante a Operação Exceptis. A ação dos policiais foi questionada após a morte de 25 pessoas, nesta quinta-feira (6/5), na comunidade do Jacarezinho. Um dos mortos é o policial civil André Frias (foto de destaque).
De acordo com a polícia, 24 suspeitos de envolvimento com facção criminosa também morreram baleados, sendo que três deles eram alvos dos 21 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
“A gente fez o nosso papel ao cumprir os mandados de prisão. Cada instituição tem o seu papel. A única execução que houve na operação foi a do policial”, disse o chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada, Felipe Curi.
Desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”, após comunicação e justificativa ao Ministério Público.
Levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que a operação foi a mais letal da história do Rio de Janeiro.
O delegado lamentou as mortes, mas afirmou que os suspeitos mortos tinham envolvimento com crimes como tráfico de drogas, roubos e homicídios, além de aliciarem crianças e adolescentes. “A DPCA estava fazendo investigação há dez meses. O tráfico estava aliciando menores. Durante a investigação, a gente identificou uma série de crimes cometidos, sequestro de composições da SuperVia, execução de pessoas pelo Tribunal do Crime e as famílias sem ter direito de enterrar seus mortos e registrar em delegacia”, explicou Curi.
O policial disse que desde de a restrição de operações pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em junho do ano passado, barricadas foram erguidas pelos traficantes e até mesmo seteiras (ou casamatas) foram construídas. Essas construções remetem à arquitetura militar, uma espécie de abertura ou um rebaixamento na muralha, que em sua primitiva concepção permitia aos defensores lançar flechas. Na atualidade, são usadas pelos criminosos para atirar nos policiais e desafetos.
“O simples direito de ir e vir ficou restringido pelo tráfico de drogas. Fomos cumprir ordens judiciais”, ressaltou Fernando Curi.
As declarações do delegado foram corroboradas pelo assessor especial da Secretaria da Polícia Civil, Ronaldo Oliveira: “Estamos tranquilos. Temos a convicção de tudo o que foi feito e planejado. Lamentamos que pessoas no metrô tenham sido atingidas”. Ele destacou que a polícia não age com emoção. “São 24 criminosos mortos, homicidas que tentaram matar policiais e pessoas inocentes”, concluiu.
Os delegados participaram de coletiva para explicar a operação. Segundo Roberto Cardoso , chefe do Departamento de Homicídios “a polícia não entra em qualquer lugar para provocar execução. Às vezes, é necessário revide. No início da operação nosso policial foi morto. A ação é legítima e dentro da legalidade”.