Delegado que forjou operação responde por prisão ilegal de advogadas
Maurício Demétrio prendeu duas advogadas por 48 horas, em 2019; elas atuavam no caso da autora que acusou o padre Marcelo Rossi de plágio
atualizado
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Rio de Janeiro – Preso em junho do ano passado acusado de forjar operação policial contra colega para esconder esquema de corrupção, o delegado Maurício Demétrio foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por abuso de autoridade, por prender duas advogadas ilegalmente durante 48 horas, em maio de 2019.
Carolina Araújo Braga Miraglia de Andrade e Mariana Farias Sauwen de Almeida foram detidas, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), quando atuavam no caso da escritora que acusou o padre Marcelo Rossi de plágio no livro Ágape.
Elas foram acusadas de uso de documento falso, formação de quadrilha, denunciação caluniosa e estelionato, mesmo crimes que respondia a cliente. Maurício Demétrio, que levava vida milionária antes de ser preso, e o inspetor Celso de Freitas, também denunciado, vão responder por abuso de autoridade e fraude processual.
“A denúncia inaugura uma nova fase de respeito às prerrogativas profissionais e de reconhecimento dos limites de atuação dos agentes estatais”, declarou o presidente da Comissão de Prerrogativas, Marcello Oliveira.
Na época da prisão, a Ordem entregou ao MP um dossiê que incluía provas de que uma das advogadas sofreu assédio no curso da investigação, como mensagens inapropriadas enviadas pelo delegado por WhatsApp. Em resposta, Maurício Demétrio pediu a abertura de inquérito até contra o presidente da OAB-RJ, Luciano Bandeira.
No procedimento, o delegado chamou a Ordem de “organização criminosa”. Em julho de 2021, o juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta, da 41ª Vara Criminal, arquivou o inquérito.
O Metrópoles ainda não conseguiu contato com a defesa dos denunciados. O espaço está aberto.