Delegada sobre indiciada por morte de modelo do DF: “Sabia do risco”
Segundo a delegada do caso, falsa biomédica tinha conhecimento sobre os perigos do uso do produto e assumiu o risco da morte de modelo do DF
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia – Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (3/10), a delegada Débora Melo apontou que a dona da clínica Ame-se, onde a influencer brasiliense Aline Maria Ferreira, de 33 anos (foto em destaque), fez um procedimento para aumentar o bumbum, sabia dos riscos de usar o PMMA na paciente.
A influenciadora morreu em 2 de julho, cerca de nove dias após a realização do procedimento estético com a falsa biomédica Grazielly da Silva Barbosa. “Ela [Grazielly] estava brincando com a vida das pessoas aplicando substâncias de alto risco. Ela sabia dos riscos”, informou a delegada.
Conforme a polícia, a perícia realizada no corpo da vítima encontrou o produto, além de colônias bacterianas e necroses. Grazielly foi indiciada por homicídio nesta quinta.
Irregularidades
De acordo com a delegada Débora Melo, tudo na clínica de Grazielly era irregular. A dona da clínica não era biomédica, o estabelecimento não tinha alvará de funcionamento e as substâncias eram adquiridas de maneira irregular, já que, segundo a investigadora, esse tipo de produto só pode ser vendido a médicos e com certificação da Anvisa.
Veja imagens da clínica:
“Ela não era formada em biomedicina, mas sabia os riscos tanto da própria substância como da aplicação incorreta dela. Durante os anos de atuação, ela não havia feito procedimentos com o PMMA por receio, mas assumiu esse risco”, destacou a delegada.
Indiciamento
Conforme a delegada, Grazielly foi indiciada por cinco crimes, cujas penas somam mais de 40 anos de prisão. São eles: homicídio com dolo eventual, exercício ilegal da medicina, execução de serviço de alta periculosidade, falsificação de produto farmacêutico e indução do consumidor ao erro.
Segundo a delegada, Grazielly realizou o procedimento estético em Aline em situação de privação de sono, pois teria passado a noite em uma festa e não dormiu. A mulher também teria feito o uso de psicotrópicos.
De acordo com a investigadora, testemunhas também apontaram que era comum que Grazielly realizasse atendimentos sob efeito de remédios para emagrecer, que tem efeitos semelhantes ao uso de anfetaminas.
Sem qualificação
Grazielly se apresentava como biomédica. Porém, segundo a polícia, ela não tinha qualificação técnica e participou apenas de dois cursos livres, com duração de um dia e que não são reconhecidos pelo MEC.
“Ela [Grazielly] chegou a dizer que cursou alguns períodos de medicina, mas nada disso foi comprovado. É um fenômeno vulgarizado em que as pessoas se acham aptas a fazerem cursos de um dia e realizarem procedimentos”, ressaltou a delegada.
Ainda segundo ela, Grazielly também adquiriu ampolas de toxina botulínica, o botox, do Paraguai, sem notas ou rótulos. Os produtos não podem ser comercializados sem a certificação da Anvisa. Conforme a investigadora, um rede de venda ilegal de produtos foi descoberta, o que deve gerar novos inquéritos posteriormente.