Delegacia da Mulher assume investigação de estupro em rodeio de SP
A denúncia de estupro no rodeio feita pela influencer Franciane Andrade estava sob responsabilidade da Delegacia de Jaguariúna
atualizado
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São Paulo – A investigação do estupro no Rodeio de Jaguariúna, denunciado pela influencer Franciane Andrade, de 23 anos, foi transferida nesta semana para uma delegacia especializada em casos de gênero, a Delegacia de Defesa da Mulher de Mogi-Guaçu, no interior de São Paulo. A apuração não havia avançado na Polícia Civil de São Paulo desde o fim de novembro.
A influencer denunciou ter sido estuprada na madrugada do dia 28 de novembro no Rodeio de Jaguariúna, um dos maiores do país. Ela não se recorda da noite no rodeio, mas relatou ter acordado no dia seguinte com dores e, por isso, procurou atendimento na Santa Casa de Mogi-Guaçu, onde vive.
Um exame médico revelou que ela havia sofrido violência sexual – o estupro foi também confirmado por um exame privado –, mas o laudo do Instituto Médico Legal (IML) ainda não foi divulgado oficialmente. Desde então, as investigações não conseguiram identificar o que aconteceu.
O caso começou a ser investigado na Delegacia de Jaguariúna, mas um dos delegados responsáveis defendeu nesta semana que fosse repassado para a Delegacia de Defesa da Mulher de Mogi-Guaçu. No ofício enviado à 2ª Vara de Jaguariúna, o delegado alegou que a vítima disse ter sido maltratada na delegacia, em entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo.
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria Estadual de Segurança de São Paulo confirmou a transferência, mas informou que “detalhes não serão divulgados devido à natureza do crime”.
Quando compareceu ao programa, em 9 de dezembro, Franciane disse que foi desacreditada em delegacias onde buscou ajuda. Ela registrou o caso originalmente na Delegacia de Defesa da Mulher de Mogi-Guaçu e posteriormente o caso foi transferido para a Delegacia de Jaguariúna.
“Fui vítima e tratada como culpada até o Instituto Médico Legal validar meu corpo de delito, confirmando o estupro”, afirmou Franciane no programa.
Lacunas na investigação
Quando a investigação começou, a Polícia Civil de São Paulo havia anunciado que agentes examinavam vídeos de 53 câmeras de segurança do rodeio, mas essas gravações só foram oficialmente entregues pelos organizadores à Justiça mais de uma semana depois do início do inquérito.
A vítima chegou a pedir nas redes sociais que frequentadores do rodeio enviassem vídeos que mostrassem ela, para tentar identificar o que aconteceu. Ela também chegou a se queixar da falta de acesso às imagens do rodeio.
A Delegacia de Jaguariúna também chegou a interrogar pelo menos quatro testemunhas que viram Franciane na madrugada do rodeio.
“Boa noite, Cinderela”
A investigação oficial, no entanto, deixou ao menos uma lacuna, pois o IML se recusou a fazer exame toxicológico na vítima, que poderia identificar se a influencer foi dopada. O IML alegou à polícia que já havia se passado 48 horas desde o estupro e que não seria provável encontrar qualquer vestígio de substância na vítima.
Franciane acabou fazendo esse exame toxicológico na rede privada de saúde, com ajuda do projeto Justiceiras, coordenado pela promotora Gabriela Manssur. De acordo com relato compartilhado pela influencer, o exame mostrou que ela foi dopada com a droga conhecida como “boa noite, Cinderela”.
Os vídeos entregues pelo rodeio foram enviados para perícia no Instituto de Criminalística, mas o laudo com a análise das imagens deve demorar algumas semanas para ficar pronto.