“Delação premiada não é capítulo de novela”, diz delegado da Lava Jato
Márcio Adriano Anselmo compõe a equipe que começou o inquérito policial que culminou, em março de 2014, na deflagração da Operação Lava Jato
atualizado
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Responsável pelo início das investigações de lavagem de dinheiro, em Curitiba, que desvelou o maior escândalo de cartel e corrupção nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo adverte: “Colaboração premiada não é capítulo de novela. É um instituto sério e assim deve ser tratado”.
Especialista em combate à lavagem de dinheiro e crimes financeiros, Anselmo integra a equipe que começou o inquérito policial que culminou, em março de 2014, com a deflagração da Operação Lava Jato. Depois de três anos e 37 fases, são 71 delatores que confessaram envolvimento no esquema de desvios na Petrobras, por meio do qual partidos da base de governo, em especial PT, PMDB e PP, arrecadavam propinas que variavam de 1% a 3% do valor dos contratos.
Um ano e meio atrás, foi Anselmo que bateu à porta da mansão do empresário Marcelo Bahia Odebrecht, em um condomínio de luxo em São Paulo, com um equipe da Polícia Federal para comunicar sua prisão e levá-lo para uma longa temporada na carceragem da PF, em Curitiba.“A lei é clara, a colaboração premiada deixa de ser sigilosa quando do recebimento da denúncia”, afirmou Anselmo, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo. “Em alguns casos o sigilo pode até ser dispensado (sempre por decisão judicial), mas deve ser a exceção e não a regra
Márcio Adriano Anselmo, delegado da Polícia Federal
Fora das negociações de acordo de delação premiada dos 77 executivos e ex-executivos do grupo, o delegado diz que não comenta o caso específico.
Professor da Academia de Polícia da PF, ele diz estranhar, no entanto, a postura de alguns parlamentares, que têm cobrado o fim do sigilo para delações premiadas, após homologação do mega acordo da Odebrecht. “Me parece bem curioso. Até um tempo atrás alguns legisladores defendiam mais rigor no sigilo, agora o contrário!”, diz.