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Del Nero diz que provas da Fifa são “insuficientes”

O brasileiro foi banido do futebol e condenado na primeira instância da Fifa a pagar uma multa milionária

atualizado

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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Marco Polo Del Nero
1 de 1 Marco Polo Del Nero - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Numa audiência de quase sete horas de duração, o ex-cartola Marco Polo Del Nero tentou nesta quinta-feira (7/2) convencer a Fifa a derrubar sua punição que o obrigou a deixar a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

O brasileiro foi banido do futebol e condenado na primeira instância da Fifa a pagar uma multa milionária. A entidade, na época, alegou que a punição ocorreu diante do resultado dos inquéritos da Justiça dos Estados Unidos que apontaram para suspeitas de corrupção milionária por parte de Del Nero na CBF e na Conmebol.

Sem jamais ter saído do Brasil desde maio de 2015, o ex-cartola conseguiu evitar ser detido e extraditado aos Estados Unidos, como ocorreu com José Maria Marin, já condenado e sentenciado, tendo sido detido na Suíça.

Del Nero não tem pretensões de voltar ao comando do futebol brasileiro. Mas quer tentar derrubar sua punição. Por isso, recorreu à segunda instância jurídica da Fifa, solicitando que sua condenação fosse revista.

Nesta quinta-feira (7), ele participou da audiência por meio de videoconferência, enquanto seus advogados viajaram até Zurique para o defender.

Ao iniciar sua defesa, Del Nero insistiu que era inocente e que o material usado pela Fifa para o condenar se limitou aos depoimentos de testemunhas que foram ao tribunal de Nova York durante o processo contra Marin. De acordo com pessoas que estiveram na audiência desta quinta-feira, os investigadores da Fifa não apresentaram nenhum novo dado.

A alegação da defesa é de que, dentro da Fifa, apenas documentos preparados pelos próprios investigadores internos é que podem servir para justificar uma punição. Além disso, eles insistem que todos os indícios utilizados estão baseados em depoimentos. Não existe, segundo os advogados, nenhum e-mail, gravação de voz ou vídeo de Del Nero em que ele apareça com atos comprometedores.

A defesa, assim, insistiu que a Fifa havia tomado uma decisão com base em “provas indiretas” e que apenas “assumem” que a corrupção possa ter ocorrido por conta da relação de Del Nero com Marin. Del Nero ainda afirmou desconhecer os encontros que foram citados pelas testemunhas em Nova York, que indicavam para um acerto entre dirigentes sul-americanos.

Os investigadores da Fifa, porém, ainda acreditam que tem um caso sólido. O principal argumento é de que os depoimentos prestados em Nova York por mais de uma dezena de pessoas foram usados pela Justiça norte-americana para condenar Marin. A lógica é de que, se esses depoimentos foram suficientes para uma corte americana, também deveriam ser na Fifa.

Os investigadores também argumentam que os dados apresentados à corte americana eram detalhados e que, de fato, mostravam coerência entre os diferentes depoimentos.

Para concluir, os investigadores ainda apontaram como o próprio Marin, ao se defender e tentar evitar uma condenação, insistiu de forma repetida que Del Nero era quem, de fato, tocava os assuntos financeiros da CBF, mesmo quando ele era o presidente. Durante as audiências no ano passado, Marin chegou a dizer que ele era apenas uma figura comparável à rainha da Inglaterra, sem poderes reais.

Na visão dos investigadores, esse fator mostra que mesmo aqueles que estiveram envolvidos no esquema reconheciam o envolvimento de Del Nero.

O caso agora será julgado por três membros da corte da Fifa e não há um prazo para a decisão ser publicada. Para a defesa de Del Nero, ainda existe a possibilidade de levar o processo para a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) que, de fato, foi utilizado por Joseph Blatter e Michel Platini para reduzir sua pena.

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