Defesa de piloto responsabilizado por caso Marília Mendonça: “Absurdo”
A decisão da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) considera que o piloto é culpado no acidente que matou a cantora Marília Mendonça
atualizado
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A defesa do piloto Geraldo Martins de Medeiros, envolvido no acidente aéreo que causou as mortes da cantora Marília Mendonça e parte de sua equipe, considera que a conclusão da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) é “absurda”. A PCMG divulgou o resultado das investigações durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (4/10).
“Tecnicamente é um absurdo, se você pegar qualquer piloto, engenheiro que entenda de aviação, tudo que eles colocam lá [na conclusão] não tem o menor sentido”, explicou o advogado Sérgio Alonso ao Metrópoles.
Alonso, especialista em direito aeronáutico, representa a família do piloto Geraldo Martins de Medeiros, envolvido no acidente aéreo ocorrido há dois anos, em Piedade de Caratinga, em Minas Gerais.
A família de Geraldo entrou com um pedido de indenização por danos morais à Cemig (Companhia Elétrica de Minas Gerais).
Alonso considera que as afirmações e conclusões da PCMG são destituídas de provas, e não seriam, portanto, baseadas em um parecer técnico e jurídico:
“Isso é totalmente destituído das provas. Quem deveria acentar lá deveria ser o responsável criminalmente seria quem implantou essa rede sem sinalização. É totalmente descabida essa conclusão do inquérito”, complementou o advogado. “No ponto de vista jurídico, a delegacia afirmou que os pilotos cometeram homicídio culposo, e delegado não é juiz. Como o delegado afirma que foi cometido um homicídio culposo sem ter julgamento? Essa conclusão é absurda, tanto do ponto de vista técnico da aviação quanto do ponto de vista jurídico. É até injurioso. Talvez eles devessem investigar quem colocou a linha lá”, concluiu.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) aumentou recentemente a altura do tráfego do aeródromo da cidade que, agora, ao invés de ser mil pés, é de 1.350 pés de altura. Além disso, a Cemig sinalizou a linha somente dois anos após a tragédia, em 1º de setembro deste ano. “Ele [DECEA] também fez uma carta de aproximação visual, que não existia, e no dia primeiro de setembro a Cemig, obedecendo a recomendação do relatório final do Cenipa, sinalizou a linha”, explicou o advogado.
“Se todas essas medidas estivessem na data do acidente, isso [o acidente] não teria ocorrido”, lamentou Alonso.
PCMG considerou piloto responsável
A coletiva foi conduzida pelos delegados Gilmaro Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, além do inspetor Whesley Adriano Lopes Data, no município de Ipatinga. De acordo com o delegado regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, houve negligência e imprudência por parte da tripulação, já que não houve o cumprimento das instruções operacionais da aeronave.
“Qualquer responsabilidade cabia aos pilotos observar. Dessa forma houve negligência e imprudência”, afirmou ele.