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Defensoria diz que ação contra youtuber negro foi violência policial

Em nota de repúdio, órgão do estado classificou abordagem dos policiais ao youtuber da Cidade Ocidental como inadmissível

atualizado

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Abordagem
1 de 1 Abordagem - Foto: Reprodução

A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) classificou como “violência policial” a abordagem realizada, “com nítido viés racial”, contra um ciclista e youtuber negro, na Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal (DF). O caso está sob investigação da Polícia Militar e do Ministério Público estadual.

O grupo de trabalho pela igualdade racial da DPE-GO manifestou repúdio, na noite do último sábado (29/5), à abordagem policial realizada com o youtuber Filipe Ferreira. Na sexta (28/5), Filipe foi interpelado e chegou a ser algemado pela polícia após ter sido encontrado na rua fazendo manobras de bicicleta enquanto gravava com seu celular.

“As imagens veiculadas pelo vídeo gravado no celular da vítima demonstram por si a inadequação das condutas realizadas pelos agentes policiais e a ausência de qualquer elemento objetivo para a abordagem de Filipe, que estava apenas registrando manobras de bicicleta em um parque para postagem no seu canal”, diz a nota.

Segundo a Defensoria, “é inadmissível que a abordagem realizada nas condições visualizáveis, com nítidos contornos racistas, seja tolerada e normalizada em um Estado Democrático de Direito, bem como externalizada como procedimento operacional padrão dos agentes de segurança pública”.

Indignação

De acordo com a nota, os fatos exigem da sociedade goiana explícitas e públicas manifestações de repúdio e indignação. Por outro lado, segundo o órgão, as autoridades competentes devem fazer a investigação e a responsabilização dos envolvidos.

“A situação e seu contexto são de extrema gravidade, e a Defensoria Pública, como expressão e instrumento do regime democrático, assevera a inadmissibilidade de qualquer espécie de tolerância, permissividade ou conivência com a violência policial que também é pautada pelo racismo institucional”, destaca a nota.

A DPE também diz que está à disposição para prestar a assistência jurídica a Filipe Ferreira, por meio do seu Núcleo Especializado de Direitos Humanos.

Violência policial

Os números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, que reúne e analisa dados de registros policiais sobre criminalidade, sistema prisional e gastos com segurança pública, apontam que, em 2019, 79,1% das vítimas letais de intervenções policiais, no Brasil, eram pessoas negras.

A Defensoria também lembra que Goiás, repetindo negativas anteriores, foi o único estado do país a não divulgar o número de policiais mortos e o de pessoas mortas por policiais no ano de 2020.

 

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