Defensoria cita Supremo e cobra a PM do Rio pela morte da menina de 5 anos
Decisão do Supremo Tribunal Federal restringe ações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid-19
atualizado
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Rio de Janeiro – A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) encaminhou ofício ao comandante do 12º Batalhão de Polícia, em Niterói, região metropolitana do Rio, solicitando informações sobre a ação em que acabou morta a menina Ana Clara Machado, de 5 anos.
Segundo a Polícia Militar, uma equipe patrulhava uma estrada próxima à comunidade Monan Pequeno, no bairro Pendotiba, também em Niterói, quando foi atacada a tiros por criminosos, na última terça-feira (2/2). Os policiais revidaram e, em seguida, foram alertados por moradores sobre uma criança atingida por disparos. A
na Clara brincava na porta de casa quando foi atingida por um tiro. A menina ainda foi socorrida mas não resistiu.
Militar preso
A Justiça do Rio converteu a prisão em flagrante do cabo da Polícia Militar Bruno Dias Delaroli para preventiva. Ele é suspeito de ter efetuado o disparo que causou a morte de Ana Clara Machado.
A decisão foi da juíza Monique Correa Moreira, da 1ª Vara Criminal de Niterói, durante audiência de custódia. O cabo da PM foi autuado por homicídio doloso com dolo eventual.
Para a magistrada, o não relaxamento da prisão, solicitado pela defesa do policial lotado no 12º BPM (Niterói), foi para garantir a integridade do andamento das investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG).
Na audiência, a defesa do PM solicitou a liberdade provisória do policial, alegando que Bruno Delaroli revidou injusta agressão a tiros e que não retornaria ao local para ameaçar testemunhas. Segundo informações da Justiça, o policial responde a outro processo por homicídio.
Revolta
A mãe de Ana Clara Machado, Cristiane da Silva, acusou a Polícia Militar de ser a responsável pela morte da menina de 5 anos. Ela afirmou que ouviu um policial militar falar para o outro: “Você fez besteira”, referindo-se ao tiro que atingiu a criança.
“Eles [os PMs] subiram e viram dois meninos sentados, mexendo em um celular. Os policiais, então, atiraram. Um dos meninos se rendeu, mas um PM continuou dando tiros. De lá, conseguiu acertar minha filha. O menino continuou falando: ‘Sou morador, sou morador’. Eu corri para ver minha filha, que estava no chão. Ele [o militar] foi falar com o menino, e um policial falou para o outro: ‘Você fez besteira, você fez besteira'”, lembra.
“Eu gritava para ele socorrer minha filha, que estava com um osso exposto. Fiquei gritando: ‘Salva minha filha’, e ele pegou a Ana Clara de qualquer jeito. Eu falei para eles: ‘Vocês mataram a minha filha, acabaram com a minha vida’”, contou Cristiane. “Minha filha era uma garota de 5 anos que queria crescer e salvar vidas. Agora, tiraram a vida dela”, continua a mãe.
O corpo da menina Ana Clara Machado foi enterrado, na tarde desta quarta-feira (3/2), no cemitério São Francisco Xavier, em Niterói, sob forte comoção e revolta da família.