Debate sobre 3ª dose leva “insegurança à população”, diz Queiroga
Nesta segunda-feira (19/7), a Anvisa autorizou a realização de testes sobre a efetividade e segurança de uma dose de reforço da AstraZeneca
atualizado
Compartilhar notícia
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o debate sobre a aplicação de uma terceira dose de vacinas contra a Covid-19 pode causar insegurança à população. A declaração foi dada nesta segunda-feira (19/7), durante conversa com a imprensa, na sede do órgão.
Para o cardiologista, o debate é precipitado, pois ainda não há estudos que garantem benefícios com três doses dos imunizantes. Nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a realização de testes sobre a efetividade e segurança de uma terceira dose da AstraZeneca.
“As pessoas ficam com medo. Muitas vidas já foram perdidas, e isso gera uma ansiedade. Às vezes, os gestores públicos tomam decisões baseadas naquele cenário específico, mas podem levar a uma inquietude maior. Por exemplo, não conseguimos avançar ainda em 100% da população com a primeira dose da vacina. Qual é a evidência científica disponível para que nós devamos já falar em uma terceira dose? Isso só leva mais insegurança à população”, defendeu Queiroga.
Mais cedo, também nesta segunda-feira, o secretário de saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, anunciou que a região iniciará um novo ciclo de imunização contra a Covid-19 no dia 17 de janeiro. O gestor alertou para a possibilidade de ser necessária reaplicação anual, como ocorre com a vacinação contra a gripe. “Essa nova fase da imunização irá se iniciar no dia 17 de janeiro do ano que vem, que foi o dia em que vacinamos o primeiro brasileiro”, disse.
A criação de regras estaduais e municipais para a vacinação contra a Covid-19 tem sido alvo de críticas de Queiroga. Para o cardiologista, é necessário que as secretarias de Saúde sigam as medidas que foram pactuadas pelo Comitê Intergestores Tripartite (CIT). O grupo, responsável pela definição de estratégias de saúde do país, é formado pelo Ministério da Saúde, pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
“Quando nós dissermos isso [necessidade de receber uma terceira dose] à população, é necessário que tenhamos uma evidência científica sólida sobre como devemos fazer, se é com o mesmo imunizante, se é com intercambialidade, se é só um booster que vai se fazer, um reforço, ou se precisamos aplicar duas doses. Tenho feito um apelo a todos os gestores para que nós sigamos a decisão do Programa Nacional de Imunização (PNI). Eles também participam dessas decisões”, defendeu.
O estado de São Paulo não foi o primeiro a citar a administração de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 nos próximos meses. A capital fluminense anunciou, na última quinta-feira (15/7), que estuda a aplicação de uma terceira dose em idosos de 80 anos ou mais, entre outubro e dezembro deste ano.
“Ainda está em discussão. Estamos fazendo uma avaliação científica; se houver uma queda de imunidade, vamos fazer o reforço de dose no grupo de 80 anos ou mais”, declarou o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz. De acordo com o gestor, a ideia é distribuir vacinas cruzadas, ou seja, de diferentes fabricantes.
AstraZeneca
Nesta segunda-feira, a Anvisa autorizou a condução de estudos para avaliar a efetividade de uma terceira dose do imunizante da AstraZeneca contra a Covid-19. O teste será aplicado em pessoas que já receberam as duas doses da vacina, em um período de 11 a 13 meses após o segundo reforço.
De acordo com a Anvisa, os estudos serão patrocinados pela AstraZeneca e ocorrerão apenas no Brasil, nos estados da Bahia (1,5 mil voluntários), Rio de Janeiro (1,5 mil voluntários), Rio Grande do Sul (3 mil voluntários), Rio Grande do Norte (1,5 mil voluntários) e São Paulo (2,5 mil voluntários).
“Serão incluídos voluntários com idade entre 18 e 55 anos, que estejam altamente expostos à infecção com o novo coronavírus, como profissionais de saúde. Não serão incluídas gestantes ou pessoas com comorbidades”, detalhou a agência.