De triplo homicídio a morte na cadeia: relembre caso de Wanderson Mota
Conhecido como “novo Lázaro”, Wanderson ficou seis dias escondido no mato na zona rural de cidades do Entorno do Distrito Federal
atualizado
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Goiânia – Chegou ao fim nessa terça-feira (18/1) a trajetória do criminoso Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, que ficou conhecido, em novembro do ano passado, após cometer um triplo homicídio em Corumbá de Goiás, a 110 km da capital goiana. Ele se embrenhou no mato para fugir da polícia, assim como fez o maníaco Lázaro Barbosa, em junho de 2021, e ficou escondido por seis dias até decidir se entregar.
Conhecido como o “novo Lázaro”, Wanderson foi encontrado morto na cela em que estava preso no Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. A investigação trabalha, a princípio, com a hipótese de suicídio. Segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), ele estava sozinho no local e foi encontrado pendurado, com um lençol amarrado ao pescoço.
O caso de Wanderson foi nacionalmente noticiado após a descoberta dos crimes cometidos por ele, que chamaram a atenção pela brutalidade. No dia 28 de novembro, ele matou a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, que estava grávida, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.
Veja imagens dos casos:
Ao fugir, ele invadiu a casa do produtor rural Roberto Clemente de Matos, 73, para quem trabalhava e que morava em uma propriedade vizinha, roubou um revólver e o matou. Ele levou, ainda, uma caminhonete para ajudá-lo a fugir e teria tentado estuprar a esposa da vítima, uma mulher de 45 anos.
A operação de buscas e perseguição, pela zona rural de Corumbá, Abadiânia, Alexânia e Gameleira de Goiás, mobilizou as forças de segurança de Goiás. Apesar do efetivo menor, o caso se assemelhou com o que ocorreu nas buscas por Lázaro Barbosa, meses antes.
Táxi com destino a Abadiânia
A caminhonete roubada por Wanderson foi encontrada abandonada em uma rodovia da região. Ele vendeu o celular que pertencia à sua esposa, em seguida, para um receptador de Alexânia, que acabou preso. Na cidade, ele pegou um táxi e fugiu até Abadiânia, conforme relato do próprio taxista ao Metrópoles.
Foram seis dias intensos de buscas e muita ação do criminoso, que mobilizou dezenas de policiais. Em Alexânia, antes de pegar um táxi, ele chegou a ir até a rodoviária da cidade e comprar uma passagem de ônibus para Goiânia, mas acabou desistindo do plano de fuga.
Ele foi deixado pelo taxista na rodoviária de Abadiânia, um dia após os assassinatos (29/11). O motorista só descobriu que o passageiro era procurado por um triplo homicídio depois que o deixou no destino final.
Veja imagens da caçada:
Possíveis ações
No período de fuga, diversos relatos de testemunhas surgiram na zona rural de Abadiânia, dizendo que teriam visto Wanderson. Um produtor rural relatou ao Metrópoles, na ocasião, que viu o rapaz perambulando pela sua propriedade e que o expulsou do local, após pegar um machado dentro de casa.
Cerca de 2h depois, já na madrugada do dia 30/11, o empresário Caio César, de 32 anos, estava chegando em sua chácara, localizada na região, quando se deparou com um suspeito dentro da propriedade, que teria atirado contra ele. O empresário disse ter revidado o ataque com 12 tiros de pistola. O invasor fugiu.
O clima de terror e medo se espalhou rapidamente entre moradores e chacareiros. O foco da polícia, até então concentrada em Abadiânia, só mudou no dia 2/12, após denúncia de que Wanderson teria sido visto em Gameleira de Goiás, cidade nas proximidades. Um trabalhador rural relatou ter dado carona de moto para um desconhecido e, no caminho, teria percebido que se tratava do foragido.
Entregou-se após ser convencido por populares
Na rota de fuga, Wanderson teria ido até a fazenda do casal, no início da manhã do dia 4 de dezembro, e apontado um revólver pela janela. A mulher, no entanto, identificada como Cinda Mara, teve a frieza de acolhê-lo e conversar com ele. Ela ofereceu água, comida e roupas limpas, já que ele estava sujo, molhado e com frio.
Na conversa, a mulher e o marido iniciaram um trabalho de convencimento para que ele se entregasse. Ele disse que estava com medo de morrer. “Ele falou que estava com fome. Fui muito profissional, de ter aquela tranquilidade, fui fria”, afirmou Cinda, que já foi radialista em Goiás, na década de 1990.
Ela e o esposo o levaram de carro a para a cidade, onde ele se entregou e foi, enfim, capturado pela polícia. Antes disso, no entanto, Cinda pediu para tirar uma foto (selfie) com Wanderson. A imagem serviu para confirmar que o rapaz que estava com ela tratava-se do foragido procurado há dias pelas forças de segurança de Goiás.
Veja:
▶️ Moradores convenceram “Novo Lázaro” a se entregar à Polícia Militar.
Suspeito de três homicídios em Corumbá de Goiás, o caseiro estava fugindo das autoridades há seis dias.
Leia: https://t.co/zSrElxVoT7 pic.twitter.com/ksSsu6rq99
— Metrópoles (@Metropoles) December 4, 2021
Currículo criminoso
Os assassinatos cometidos no fim de 2021 não são a única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. A primeira morte teria ocorrido quando ele ainda era adolescente, aos 13 anos. Em um desentendimento familiar, ele teria matado a facadas o tio da então namorada. Depois disso, fugiu para Goiás, onde foi viver em Goianápolis.
Em dezembro de 2019, ele esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela. O caso foi em Goianápolis. O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso pela tentativa de feminicídio. À época, em uma audiência, ele zombou do episódio. O jovem foi solto em março de 2020.
Em 25 de novembro aquele ano, Wanderson se envolveu em outro crime, dessa vez em Minas Gerais. Ele é apontado como participante na morte do taxista Maurício Lopes Mariano, de 25 anos, em São Gotardo. Ele foi preso na região junto com outras três pessoas (dois adolescentes). O taxista teria sido amarrado com o cinto de segurança e esfaqueado até a morte.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após os homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho. Wanderson, aliás, confessou a amigos ser fã do Lázaro original.