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De pessoa comum a homem-bomba: conheça a trajetória do Tiü França

Negacionista na pandemia, defensor de um golpe e apegado com filho. Chaveiro passou por diferentes profissões até se explodir perto do STF

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Montagem com fotos coloridas do Tiu Franças e do STF - Metrópoles
1 de 1 Montagem com fotos coloridas do Tiu Franças e do STF - Metrópoles - Foto: Montagem/ Vinicius Schmidt/ Metrópoles

Francisco Wanderley, o Tiü França, de 59 anos, passou por diferentes profissões até se explodir na frente do Supremo Tribunal Federal (STF) em ato extremista que mirava ministros da corte na noite de quarta-feira (13/11).

Chaveiro de formação, também tocou um bingo, administrou uma espécie de pousada e promoveu festas com música ao vivo. Por conta das diferentes atividades que lidam com o público, era uma pessoa bastante conhecida em Rio do Sul, principal município da região do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

“Ele sempre esteve em busca de realizações, mas também não escutava conselhos da gente”, resume a irmã mais velha dele, Sônia Regina, de 66 anos.

Familiares mais próximos andavam preocupados após o chaveiro manifestar ideias suicidas. Ele chegou a mandar mensagens a parentes com ares de despedida. Escreveu elogios para a primeira esposa, mãe de seus dois filhos biológicos, por exemplo. No entanto, ninguém estava preparado para o que de fato aconteceu.

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Homem jogou bombas contra a estátua da Justiça
Seguranças do STF isolaram o local
Corpo do homem ficou no local para ser periciado
Carro explodiu próximo ao Anexo IV da Câmara
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Proximidades do STF foram isoladas após um corpo ser encontrado

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Homem jogou bombas contra a estátua da Justiça

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Seguranças do STF isolaram o local

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Corpo do homem ficou no local para ser periciado

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Carro explodiu próximo ao Anexo IV da Câmara

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Corpo do homem-bomba ficou no local para ser periciado

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Local foi isolado após o ocorrido

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PMDF e esquadrão antibombas foram acionados

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Carro explodiu próximo ao Anexo IV da Câmara

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Esplanada dos Ministérios ficou isolada até a manhã de quinta-feira (14/11)

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Ele tinha explosivos ao redor de si

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Nos últimos anos, França se tornou um apoiador fanático do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Do tipo que fazia viagens para acompanhar manifestações golpistas, que tentavam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, sofreu frustrações pessoais: se separou da segunda mulher e teve um grande prejuízo após uma enchente em um imóvel no qual investiu.

“Ele tinha uns problemas pessoais com a minha mãe e estava muito abalado com a situação. Então, ele viajou. Foi isso que ele falou, que só queria viajar”, resumiu o filho de consideração do homem-bomba, o também chaveiro Guilherme Antônio.

Pouco antes de cometer o atentado na Esplanada, França publicou mensagens ameaçadoras nas redes sociais, anunciando o ataque que faria e manifestando teorias da conspiração.

A vida antes da política

Francisco nasceu em Atalanta (SC) e foi o caçula de uma família de oito irmãos. O pai morreu há mais de duas décadas e foi comerciante. Tinha uma loja de variedades. A mãe está viva, com quase 90 anos, e está muito abalada com a morte do filho.

O agora conhecido como “homem-bomba” teve duas esposas, três filhos e dois netos. Além do trabalho como chaveiro, tinha uma renda de aluguel de quitinetes, que eram administradas pela irmã Maria Irlete, com quem tinha mais proximidade. Ela disse que está sem condições físicas e psicológicas para dar entrevistas.

Antes de cometer o ataque e morrer, Tiü França pediu que a irmã desse o último aluguel para o filho de consideração. Guilherme inclusive aprendeu a profissão de chaveiro com o pai adotivo. “Meu pai de coração”, afirmou ao Metrópoles.

A filha de França, chamada Daiana, se mudou para a Noruega após se casar com uma pessoa da igreja que frequentava. Atualmente, vive na Tailândia com seus dois filhos.

Já o filho Chairon Luiz é um engenheiro mecânico dono de uma empresa de elevadores, bem conhecido na região de Rio do Sul por ser bem sucedido e por suas posições políticas a favor de Bolsonaro.

Em uma entrevista para o programa Um Contra Um, do canal do Youtube Vale Play, Chairon foi apresentado como uma pessoa divertida e até excêntrica, e um dos personagens mais influentes do Alto Vale. Na entrevista, ele diz que “defende Bolsonaro, mas não é radical”. Outros familiares de França são bolsonaristas e apoiavam as manifestações que pediam um golpe de Estado no país.

Radicalização e atentado

Tiü França mergulhou de cabeça nos grupos golpistas que organizaram manifestações contra a posse de Lula em 2023. Ele inclusive fez menção ao ato golpista de 8 de janeiro em mensagens que deixou na casa que atuou em Ceilândia (DF). A relação entre o atentado a bomba e o movimento por golpe de Estado está sendo investigada pela Polícia Federal (PF).

O chaveiro do interior de Santa Catarina participou ativamente de manifestações bolsonaristas em quartéis do Exército no estado, que se espalharam pelo país entre o ano de 2022 e 2023.

Durante o alto da pandemia da Covid-19 em Santa Catarina, em junho de 2021, organizou uma festa com música ao vivo e aglomeração. Na época havia colapso do sistema de Saúde e as UTIs estavam lotadas. O discurso de França era o mesmo do ídolo Bolsonaro, contrário às medidas de distanciamento social.

Nas eleições de 2020, França chegou a se lançar como candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL), que no ano seguinte se tornaria o partido de Bolsonaro. Ele teve apenas 98 votos. Apesar de ser filiado ao PL, o presidente do partido no município, Milton Goetten, nega qualquer relação política com o radical.

Já o deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC) defendeu em entrevista para a coluna Paulo Cappelli que o chaveiro era uma pessoa de bem, mas com aparente problema mental. Durante um encontro em seu gabinete no ano passado, França teria falado sobre a separação com a mulher, mesmo não tendo intimidade com o político.

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