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De laranjas a furto de impressora: como era esquema do Pros alvo da PF

Atual presidente do Solidariedade usou laranjas para desviar fundo e fez crédito de R$ 100 mil para turismo com grana do partido, diz PF

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O atual presidente do Solidariedade, Eurípedes Júnior, já foi alvo de diferentes investigações policiais contra esquemas de corrupção nos últimos anos. Agora, ele se encontra foragido da Polícia Federal (PF), que deflagrou uma operação esta semana contra um esquema de desvios de verba partidário do antigo Pros, fundido ao Solidariedade desde 2023.

A PF cumpriu sete mandados de prisão e 45 de busca e apreensão. Eurípedes é considerado foragido. Os investigadores calculam um desvio de R$ 36 milhões do fundo partidário na época em que ele era presidente do Pros. Entre os alvos da operação estão a tesoureira do Solidariedade, Cintia Lourenço da Silva, e Alessandro Sousa da Silva, conhecido como Sandro do Pros.

De acordo com a investigação, a principal forma de desvio do recurso era por meio de candidatos laranjas, que repassavam verba do partido para empresas de fachada em contratos superfaturados, simulando serviços para a campanha. Por fim, a grana seria lavada em outras empresas de fachada, controladas por pessoas ligadas a Eurípedes.

Arte do Metrópoles sobre esquema envolvendo laranjas e PROS - Metrópoles

Também há casos singulares de desvio do fundo partidário, como no mês de março de 2022, quando Eurípedes Júnior perdeu temporariamente o comando do partido para Marcus Holanda, e, nas palavras da PF, “esvaziou o cofre do Pros”.

Briga pelo comando

As investigações policiais que culminaram na operação da PF desta semana começaram por causa de uma briga interna pelo comando do Pros.

Eurípedes não aceitou ser sucedido pelo rival Marcus Holanda, que denunciou esquemas que estavam acontecendo dentro do partido. Os dois disputaram na justiça pelo comando do Pros até agosto de 2022, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) deu causa ganha para Eurípedes.

No ápice da briga pelo Pros, em março de 2022, o grupo de Eurípedes foi acusado de furtar um maquinário gráfico avaliado em R$ 500 milhões, de propriedade do partido, que estava em um galpão em Planaltina (GO). A retirada das impressoras e do restante do maquinário virou caso de polícia.

Viagens internacionais

Ao ser afastado do comando do partido, também em março de 2022, Eurípedes transferiu R$ 3 milhões para a Fundação da Ordem Social (FOS), que o grupo dele teria a direção, e adquiriu R$ 100 mil de créditos em uma empresa de turismo para realizar viagens internacionais, segundo relatório da Polícia Federal.

Investigadores da PF afirmam no relatório que o ex-presidente do Pros viajou o mundo com grana do partido. Na companhia de familiares e aliados, ele foi para destinos como Dubai, França, Punta Cana (República Dominicana), Miami e Orlando, nos Estados Unidos.

“O chefe da organização criminosa, ao vislumbrar seu afastamento da gestão do partido, tratou de gerar um crédito com uma agência de turismo para custear despesas com viagens internacionais”, diz trecho de relatório da PF que teve o sigilo derrubado na quinta-feira (13/6).

Desvio via laranjas

A investigação da Polícia Federal identificou vários candidatos de diferentes estados e do DF que seriam laranjas para receber recurso partidário e desviá-lo por meio de empresas de fachada, que simulavam a prestação de serviço nas campanhas.

Alessandro do Pros, por exemplo, é primo de Eurípedes e casado com a ex-tesoureira do partido. Ele foi candidato a deputado federal em 2022 pelo Pros de São Paulo, apesar de morar em Planaltina (GO), no entorno do DF.

Segundo a PF, Alessandro recebeu R$ 2 milhões do Fundo de Financiamento de Campanha, mas teve apenas 496 votos, o que dá uma média de mais de R$ 4 mil por voto, 219 vezes mais que a média dos candidatos de São Paulo.

Uma análise dos fornecedores da campanha de Sandro identificou empresas de fachada que não possuem capacidade operacional para os supostos serviços prestados.

A reportagem tenta contato com os advogados de Eurípedes, Sandro e Cintia. O espaço segue aberto.

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