De alimentação a boletos, alta da inflação preocupa 95% da população
Segundo pesquisa de Comportamento e Economia Pós-Pandemia da CNI, a percepção de inflação aumentou 22 pontos percentuais nos últimos 6 meses
atualizado
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Da compra de comida à necessidade de remédios, do gás de cozinha usado diariamente à conta de luz mensal, passando por gastos supérfluos, como TV a cabo, o brasileiro tem sentido dificuldade para pagar os boletos. A sensação de que o mesmo salário recebido há seis meses vale cada vez menos e torna a vida mais difícil a cada dia agora virou experiência compartilhada por praticamente todos os brasileiros.
De acordo com a Pesquisa Comportamento e Economia no Pós-Pandemia, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Instituto FSB de Pesquisa, 95% dos brasileiros têm sentido a alta generalizada de preços nos últimos seis meses. A percepção de inflação aumentou 22 pontos percentuais na pesquisa de abril em relação à de novembro passado, quando 73% dos entrevistados afirmaram ter notado os preços mais altos.
Até 5 de abril, 87% dos entrevistados perceberam que a inflação aumentou muito. Em novembro, essa era a opinião de 51% dos entrevistados. O maior incremento nas contas se deu na tarifa de energia elétrica (59%); na compra do gás de cozinha (56%); e no arroz e feijão (52%). Veja lista do que mais tem pesado no bolso dos brasileiros:
Situação financeira afetada
A percepção de aumento no custo de vida e nos preços em geral é comum em diversos perfis etários e de escolaridade. Ao todo, 76% dos entrevistados afirmaram que a situação financeira foi prejudicada pela inflação. Hoje, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 11,30% no acumulado de 12 meses.
É o maior índice acumulado desde 2003. Somente em março, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta foi de 1,62%, percentual puxado pelo aumento nos combustíveis e agravado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
De acordo com a pesquisa da CNI, divulgada nesta quarta-feira (20/4), as pessoas que se sentem mais afetadas são aquelas sem escolaridade, com renda de até um salário mínimo, e os moradores do Nordeste.
Redução de gastos
Ainda conforme os dados da CNI, 64% da população reduziu gastos nos últimos seis meses. O estudo aponta um percentual muito alto, principalmente quando se considera que, em novembro, 74% dos brasileiros já tinham diminuído suas despesas.
Brasileiros cortaram do orçamento, principalmente, investimentos, melhorias em suas casas e gastos supérfluos.
Para conseguir arcar com gastos crescentes e inevitáveis, como conta de luz, gás de cozinha, cesta básica e remédios, 34% dizem ter deixado de comprar material de construção. Outros 29% cancelaram TV por assinatura; 12% cortaram a conta de celular; 24% deixaram de fazer refeições fora de casa; 23% deixaram de comprar eletrodomésticos; 15% deixaram de consumir combustível; e 15% deixaram de comprar roupas e sapatos.
“A guerra travada na Ucrânia trouxe mais incertezas para a economia global, o que impulsiona a inflação e desperta o temor de retrocesso da economia em todo o mundo. Diante dessa conjuntura tão difícil quanto indesejada, o Brasil precisa adotar as medidas corretas para incentivar o crescimento econômico, a geração de empregos e o aumento da renda da população. A principal delas é a reforma tributária”, considera o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.