Davos: após golpe frustrado em Brasília, Lula evita viagem e manda Haddad e Marina
Ministros do governo de Lula vão a Davos e pretendem reforçar o foco em agenda econômica aliada à sustentabilidade e superação de atentado
atualizado
Compartilhar notícia
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), representam o Brasil no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). O evento começa nesta segunda-feira (16/1) e vai até a sexta-feira (20/1), com o tema Cooperação em um mundo fragmentado.
Em meio a desdobramentos e investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não participará presencialmente do encontro internacional. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também estava cotado para representar o país, não comparecerá porque está focado em concluir a montagem da equipe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (MDIC), que é chefiado por ele.
A ideia da comitiva é “reposicionar” o país no cenário internacional, com foco no equilíbrio entre a agenda econômica e ambiental. Enquanto Marina Silva chegou à Suíça no sábado, a de Haddad estava programada para domingo (15/1).
De acordo com o Ministério da Fazenda, após a tentativa de golpe, houve um maior interesse pela presença do Brasil no evento, além de “solidariedade” da comunidade internacional, tanto de outros ministros das Finanças quanto de chefes de Estado e CEOs de outros países. O governo federal afirma que assegurará à comunidade internacional que o ocorrido no domingo 8/1 “já virou história” e que a agenda econômica continua sendo o foco da atual gestão – que ainda não completou um mês.
“Apesar dos últimos acontecimentos terríveis em Brasília, teremos uma forte delegação ministerial brasileira, chefiada pelo ministro da Fazenda. Também teremos a presença de Marina Silva, de volta conosco, que já foi ministra do Meio Ambiente e volta a ser ministra, enviando fortes sinais sobre a Amazônia”, ressaltou o presidente do Fórum Econômico Mundial, Borge Brende, em coletiva à imprensa na última semana.
A previsão é de que o chefe do Executivo federal retome as viagens internacionais na próxima semana, com ida à Argentina de Alberto Fernández a partir de 23 de janeiro. Na primeira quinzena de fevereiro, Lula pretende visitar Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Ainda no primeiro semestre, estão previstas agendas também na China (sem data definida) e em Portugal (prevista para abril).
Agendas
Marina Silva inicia atuação no evento na segunda-feira (16/1), às 14h30 (horário de Brasília), no painel Em harmonia com a natureza, com representantes de povos originários, professores universitários e profissionais de sustentabilidade. Na terça-feira (17/1), Haddad e Marina participam do painel Brasil: um novo roteiro, às 9h, junto a Marisol Argueta de Barillas, responsável pela agenda regional da América Latina no Fórum Econômico Mundial.
O ministro da Fazenda também terá, na terça-feira (17/1), bateria de encontros bilaterais com autoridades internacionais, ministros das Finanças e CEOs, ainda não especificados pelo ministério. Já a titular do Meio Ambiente é esperada na entrega do prêmio Schwab Foundation for Social Entrepreneurship. Um dos finalistas é o coordenador da plataforma MapBiomas, Tasso Azevedo. A premiação é destinada a personalidades reconhecidas por suas ações colaborativas.
No workshop marcado também para a terça, Marina Silva irá discutir com líderes de governos, empresas e sociedade civil oportunidades de circulação de plástico. Além disso, conversas sobre parcerias públicas privadas para acelerar a transição do material para opções mais sustentáveis.
Na quarta-feira (18/1), Marina e Haddad falam com a imprensa internacional. A titular do Meio Ambiente também tem na agenda encontros com lideranças da América Latina e reuniões bilaterais. O ministro da Fazenda participa do painel Líderes para a América Latina às 11h15, com a presença dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; da Costa Rica, Rodrigo Chaves; do Equador, Guillermo Lasso e da vice-presidente da República Dominicana, Raquel Peña.
Com o intuito de discutir a transição para uma economia sustentável na Amazônia, Marina Silva participa do painel Amazônia em uma Encruzilhada às 13h15, com pesquisadores no tema, a ministra colombiana de Desenvolvimento Sustentável, Maria Susana Muhamad, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que pleiteia a realização, em Belém (PA), da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
A ministra do Meio Ambiente também participará de uma mesa-redonda sobre os resultados da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças realizada no Egito (COP27) e as expectativas para a COP28, que acontecerá nos Emirados Árabes Unidos. Terá a presença de agentes públicos e privados para aumentar a ambição climática e a implementação de compromissos para a mitigação do clima.