Datafolha: metade dos brasileiros acredita que Bolsonaro pode dar golpe
Por outro lado, 45% dos entrevistados acreditam que não há nenhuma chance de o presidente tentar um golpe de estado
atualizado
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Dados da pesquisa Datafolha, divulgados na tarde deste sábado (18/9), indicam que 50% dos brasileiros acreditam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode tentar um golpe de estado.
Realizada entre os dias 13 e 15 de setembro, a pesquisa ouviu 3.667 pessoas em 190 municípios brasileiros. O estudo, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Entre os que veem chance de Bolsonaro dar um golpe de estado, 30% acreditam que a chance é grande e 20% pensam que a chance pequena.
Além disso, 45% dos entrevistados acreditam que não há nenhuma possibilidade de o presidente tentar um golpe de estado, e 6% não souberam responder.
Mesmo com a crescente realização de manifestações antidemocráticas, 70% dos ouvidos pelo Datafolha acreditam que a democracia é o melhor sistema para o país.
Do outro lado, 9% dizem que a ditadura é a melhor opção de sistema político para o Brasil.
A pesquisa também questionou se os entrevistados temem que o Brasil volte a ser uma ditadura: 51% afirmaram ter medo de que o regime volte a vigorar. Esta é a maior porcentagem desde que o Datafolha começou a realizar esta pergunta, em fevereiro de 2014.
Outros 45% afirmaram que não têm medo de que o país volte ao regime ditatorial. Além disso, 5% não souberam responder.
Há muita chance de Bolsonaro dar um golpe de estado
- 48% entre quem prefere o PT
- 44% entre homossexuais/bissexuais
- 42% entre desempregados (procuram emprego)
- 37% entre quem tem 16 a 24 anos de idade
Nenhuma chance de Bolsonaro dar um golpe de estado
- 78% entre empresários
- 71% entre quem ganha mais de dez salários mínimos
- 60% entre quem prefere o PSDB
- 54% entre evangélicos
“Quatro linhas da Constituição”
O presidente Jair Bolsonaro já protagonizou diversos discursos em tom de ameaça à democracia e ao Poder Judiciário.
Em 4 de agosto, o mandatário rebateu a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que incluiu o chefe do Executivo federal como investigado no inquérito que apura a divulgação de informações falsas por ataques às urnas eletrônicas.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que o “antídoto” para a decisão do magistrado “não está dentro das quatro linhas da Constituição”. O presidente ameaçou “jogar fora das quatro linhas”.
“[O inquérito] está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está. Então, o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição. Aqui ninguém é mais macho que ninguém. […] Meu jogo é dentro das quatro linhas. Agora, se começar a chegar algo fora das quatro linhas, sou obrigado a sair das quatro linhas. É coisa que eu não quero”, prosseguiu.
Atos antidemocráticos
No início da pandemia, Bolsonaro incitou manifestações de apoiadores pró-intervenção militar e contra outras instituições. Os atos chegaram a pedir fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.
A Polícia Federal intimou dois filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), para depor como testemunhas no Inquérito nº 4.828, do Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga os chamados atos antidemocráticos.
O chefe do Executivo federal argumentou sobre o inquérito: “Se alguém comete algum ato antidemocrático, é contra o governo federal, não é contra um do Supremo”, disse.
Em 1º de julho, o inquérito foi arquivado pelo ministro Alexandre de Moraes, que abriu outra investigação sobre organização criminosa que atenta contra a democracia.