Dallagnol diz que anular Lava Jato “faz corrupção compensar no Brasil”
Ministro do STF anulou provas das delações da Odebrecht na Lava Jato. Deltan Dallagnol atuou como coordenador da força-tarefa da Lava Jato
atualizado
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O ex-deputado federal Deltan Dallagnol reagiu, na tarde desta quarta-feira (6/9), à anulação das provas das delações da Odebrecht no caso da Lava Jato. A medida é assinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli.
“O maior erro da história do país não foi a condenação do Lula, mas a leniência do STF com a corrupção de Lula e de mais de 400 políticos delatados pela Odebrecht. A anulação da condenação e do acordo fazem a corrupção compensar no Brasil”, escreveu Dallagnol nas redes sociais.
Então procurador da República, Dallagnol foi coordenador da força-tarefa da operação. Na manifestação, o ex-deputado, que teve seu mandato cassado, também fez referência às verbas recuperadas: “E se tudo foi inventado, de onde veio o dinheiro devolvido aos cofres públicos? E com a anulação do acordo, os 3 bilhões devolvidos ao povo serão agora entregues novamente aos corruptos? Os ladrões comemoram enquanto quem fez a lei valer é perseguido”, finalizou.
O senador Sergio Moro (União-PR), à época juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, também saiu em defesa da Lava Jato. “A corrupção nos governos do PT foi real, criminosos confessaram e mais de seis bilhões de reais foram recuperados para a Petrobras. Esse foi o trabalho da Lava Jato, dentro da lei, com as decisões confirmadas durante anos pelos Tribunais Superiores”, escreveu no Twitter.
Decisão de Toffoli
Documento obtido pelo Metrópoles diz que a determinação de Toffoli ocorreu por um um pedido da defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, aponta que a Polícia Federal (PF) compartilhe as mensagens hackeadas da Operação Spoofing em até 10 dias.
Com a decisão, a 13ª Vara Federal de Curitiba e o Ministério Público Federal do Paraná têm 10 dias para compartilhar todo o conteúdo relacionado ao Acordo de Leniência da Odebrecht com a defesa de Lula. Caso não o façam, a pena é de cometimento do crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal.
O acordo anulado por Toffoli havia feito a empreiteira pagar ao Ministério Público Federal (MPF), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América (EUA) e procuradoria-geral da Suíça o valor de R$ 3,8 bilhões.
O ministro ainda disse, na decisão, que a prisão de Lula é considerada um “erro histórico” do Judiciário. Pontuou também que “determinados agentes públicos” que visavam “a conquista do Estado” agiram por meio de desvio de função e conluio para atingir instituições, autoridades e empresas específicas do país.