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Da cadeia para a urna: presos do 8 de janeiro viram candidatos em 2024

Levantamento feito pelo Metrópoles identificou pelo menos 16 pessoas presas nos atos antidemocráticos que serão candidatas nestas eleições

atualizado

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arte – presos do 8 de janeiro viram candidatos nas eleições de 2024
1 de 1 arte – presos do 8 de janeiro viram candidatos nas eleições de 2024 - Foto: Arte/Metrópoles

Os atos antidemocráticos de 8 de janeiro transformaram-se em trampolim político para algumas das pessoas que foram presas em Brasília naquele episódio. Nas eleições municipais deste ano, pelo menos 16 manifestantes que chegaram a ser detidos estarão presentes nas urnas, como opção de voto.

Levantamento feito pelo Metrópoles cruzou os dados da lista final de presos divulgada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), no ano passado, com as informações das candidaturas já registradas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 16 dos casos, foi possível confirmar que se tratam, de fato, das mesmas pessoas detidas em 2023. A maioria vai se candidatar ao cargo de vereador nos respectivos municípios, em estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Apenas um deles será candidato a prefeito.

Fabiano Silva (DC) vai concorrer à prefeitura de Itajaí (SC). Ele era suplente de vereador no ano passado, quando participou dos protestos de 8 de janeiro e acabou preso. Ele se candidatou nas eleições de 2010, 2016 e 2020, mas esta será a primeira vez que concorrerá a um cargo do Executivo.

Os outros 15 nomes confirmados pela reportagem são de cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Bahia. Alguns, inclusive, seguem monitorados por tornozeleira eletrônica e fazem questão de exibi-la em publicações na internet.

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Kati Patriota: presa em ato antidemocrático em Brasília quer ser vereadora em Caxias do Sul (RS)
Tatiane Marques Patriota é candidata a vereadora em Santa Maria (RS)
Candidato a prefeito de Itajaí (SC) foi preso em atos de 8 de janeiro
Presa no ato de 8 de janeiro, a candidata a vereadora Susi Bittencourt ficou emocionada ao encontrar Jair Bolsonaro
Renata Brasil se auto-intitula "a única vigilante presa política do Brasil"
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Candidato Vandinho Patriota exibe tornozeleira enquanto cuida do filho bebê

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Kati Patriota: presa em ato antidemocrático em Brasília quer ser vereadora em Caxias do Sul (RS)

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Tatiane Marques Patriota é candidata a vereadora em Santa Maria (RS)

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Candidato a prefeito de Itajaí (SC) foi preso em atos de 8 de janeiro

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Presa no ato de 8 de janeiro, a candidata a vereadora Susi Bittencourt ficou emocionada ao encontrar Jair Bolsonaro

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Renata Brasil se auto-intitula "a única vigilante presa política do Brasil"

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Tatiane foi presa nos atos de 8 de janeiro e agora quer ser vereadora

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Preso no 8/1, Marinaldo Adriano se candidatou em João Pessoa (PB) representando Bolsonaro no Nordeste

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De médico a blogueiro

Na cidade de Coronel Fabriciano (MG), serão dois candidatos a vereador que participaram dos atos de 8 de janeiro. Um deles é o médico Dr. Ézio Guilherme (PP), de 61 anos. Ele teve a prisão preventiva prorrogada no dia 27 de fevereiro do ano passado. Em 2020, ele concorreu à prefeitura da cidade e ficou em quinto lugar, com 392 votos.

O outro nome concorrendo a uma vaga na câmara do município é Sargento Gilmar (Republicanos). Ele foi um dos sete policiais de Minas Gerais presos no 8 de janeiro e foi liberado, após audiência de custódia. Esta é a primeira vez que ele se candidata a um cargo público.

Em João Pessoa (PB), o candidato a vereador será o blogueiro Marinaldo Adriano (DC), de 21 anos. Também estreante na disputa eleitoral, ele mantinha um blog com postagens sobre política e pautas conservadoras. O jovem teve a liberdade provisória concedida em março do ano passado.

Pelas publicações na internet, é nítida a adoração de Marinaldo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Engajado, ele esteve em Brasília, também, participando de manifestações do 7 de setembro, nos anos anteriores ao 8 de janeiro.

8 de janeiro como propaganda política

Em Rio das Ostras (RJ), a candidata Susi Bittencourt usa a própria participação nos atos antidemocráticos como propaganda política. Em um vídeo de campanha publicado nas redes sociais, Susi chama o local para onde os presos bolsonaristas foram levados de “campo de concentração improvisado”. Além disso, alega ter sentido fome e sede durante as primeiras horas da prisão.

Agora livre e candidata à vereadora, ela faz questão de exibir a tornozeleira enfeitada com uma bandeira do Brasil. Em um vídeo para anunciar a pré-candidatura, Susi alega que apenas ia participar de um protesto pacífico e que nem chegou a entrar nos prédios públicos. Ela omite na edição da gravação a invasão e destruição das sedes dos Três Poderes.

Veja:

 

Única vigilante presa no 8 de janeiro

A vigilante Renata Maria, de 50 anos, também usa o fato de ter sido presa no 8 de janeiro e a própria profissão como marcas registradas de sua candidatura a vereadora de Serra, cidade que fica no Espírito Santo.

“Vigilante Renata Brasil pré-candidata a vereadora. A única vigilante presa política do Brasil”, escreveu em suas redes sociais, onde divulga a campanha pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro. “Eu sou vítima do 8 de janeiro. Inocentes dando grito da liberdade”, declarou em outra publicação.

Na última postagem, ela fez um convite a mulheres conservadoras do município para participarem de evento político com a presença da suplente do senador Magno Malta, Marcinha Macedo. Renata tornou-se réu em agosto de 2023 e responde o processo em liberdade.

“Sou hétero, cristã e de direita”

Ao contrário da maioria dos candidatos remanescentes do 8 de janeiro, que são filiados ao PL, Karine Cagliari Villa, a Kari Patriota, de 40 anos, é candidata a vereadora em Caxias do Sul (RS) pelo Podemos.

O mote da pré-campanha dela, até o momento, tem sido o “sacrifício” dos participantes da tentativa de golpe de Estado em Brasília que foram presos. “Todo sacrifício é válido em prol de nossa Caxias, da nossa amada Pátria”, escreveu ela em uma das publicações de campanha.

Kari recebeu apoio do deputado federal Maurício Marcom (Podemos-RS) e do influencer de direita Tiago Pavinatto. A candidata tornou-se réu em maio do ano passado e teve a prisão convertida em liberdade provisória.

“Sou hétero, cristã, de direita, conservadora, anti-mimimi, antidrogas, pró-vida e a favor do porte de armas”, define-se ela.

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