Cúpula com Lula em Nova York vai debater extremismos e democracia
Cúpula vai ocorrer no próximo dia 24/9, em Nova York, para debater formas de combater o avanço dos extremismos políticos no mundo
atualizado
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A cúpula internacional “Em defesa da democracia. Lutando contra extremismos”, iniciativa do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do presidente da Espanha, Pedro Sánchez, deverá debater a promoção dos princípios democráticos e a proteção das instituições de movimentos extremistas.
O evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) ocorrerá no dia 24 de setembro de 2024, em Nova York, das 15h às 17h.
Segundo a nota-convite da cúpula, à qual o Metrópoles teve acesso, a reunião “consistirá numa mesa-redonda”, com presença de líderes discutindo temas como “garantir eleições livres, o Estado de direito e as liberdades individuais, ao mesmo tempo que promovem um crescimento econômico robusto, sustentável e equitativo e inclusão social”.
O evento ainda está em fase de organização, por isso ainda não há a composição fechada. É esperada, por exemplo, a presença do presidente norte-americano, Joe Biden.
Guerras e Venezuela
Em um momento em que o Brasil e a China idealizam uma proposta de paz para a guerra na Ucrânia, não se sabe se o conflito entrará na pauta. A proposta, classificada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de “destrutiva”, deverá ser discutida em Nova York, mas ainda há dúvidas sobre qual será o foro de discussão.
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Outra guerra no radar é a de Gaza. Na visita ao Brasil no começo deste ano, Sánchez disse que seu país está buscando soluções para o conflito entre Israel e Hamas e defendeu o reconhecimento dos dois Estados: palestino e israelense.Lula, por sua vez, foi mais incisivo ao classificar as ações do governo israelense como “genocídio” e já acusou o governo de Israel de sabotar “o processo de paz e o cessar-fogo no Oriente Médio”. O petista também defende a existência do Estado palestino.
Há também dúvidas sobre um debate em torno da situação política na Venezuela. Relatório da missão de investigação da ONU divulgado nesta terça-feira (17/9) aponta que o governo de Nicolás Maduro “intensificou dramaticamente” a repressão política a protestos após as eleições presidenciais em julho deste ano.
Segundo o documento, as autoridades do país agiram para desmantelar e desmobilizar a oposição, inibir a disseminação de informações independentes e opiniões críticas e prevenir protestos pacíficos de forma “consciente e deliberada”.
“Estamos testemunhando uma intensificação da maquinaria repressiva do Estado em resposta ao que entende como visões críticas, oposição ou dissidência”, afirmou Marta Valinas, presidente da missão de investigação da ONU.
De acordo com o relatório, 2,4 mil pessoas foram presas durante protestos após as eleições na Venezuela. Além disso, a ONU aponta que 25 pessoas foram mortas em manifestações. Dessas, 24 morreram por ferimentos de bala, principalmente no pescoço.
O governo brasileiro diverge do governo espanhol no tema da Venezuela. Enquanto Lula mantém canal de diálogo com Caracas, a Espanha deu asilo político a Edmundo González, candidato da oposição na Venezuela que recebeu asilo espanhol há cerca de 10 dias alegando perseguições políticas em seu país.
Debate
A disseminação de informações falsas mundo afora também será debatida no evento. “A questão das fake news e o impacto que a desinformação tem gerado nos processos democráticos evidentemente será um dos temas discutidos”, revelou o embaixador Carlos Márcio Cozendey, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Itamaraty.
Ele chamou atenção para a declaração sobre integridade da informação, documento aprovado pelo G20, que estabelece uma convergência sobre a importância de se assegurar integridade da informação mundialmente. “Certamente será um dos temas que estará em discussão”, completou o embaixador.
O tema dialoga com uma regulamentação internacional das grandes empresas de tecnologia e redes sociais, as chamadas big techs, como o Google, a Apple, o Facebook e o X, conforme estipulado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No Brasil, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, confirmou há alguns dias a intenção de taxar as big techs.