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“Cupins e formigas”, diz homem resgatado em fazenda do cantor Leonardo

Segundo o trabalhador, insetos andavam em cima dos trabalhadores durante a noite e alojamento estava em péssimas condições, com morcegos

atualizado

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Foto colorida de alojamento de funcionários do cantor Leonardo
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Goiânia – De acordo com um dos seis trabalhadores resgatados em condições análogas à de escravidão em uma fazenda arrendada do cantor Leonardo, em Jussara (GO), formigas e cupins andavam por cima dos funcionários durante a noite.

Aos fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, o homem relatou que o alojamento estava em condições péssimas.

“A casa é muito ruim e está cheirando muito mal. Há muito morcego no alojamento, as formigas e cupins andam por cima dos empregados enquanto estão deitados. Também já vi escorpião e lacraia dentro do alojamento e tenho medo de sair à noite, devido à existência de muitos animais”, relatou o funcionário ao órgão.

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Fazenda Talismã, do cantor Leonardo
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Fazenda Talismã, do cantor Leonardo

Reprodução
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O depoimento do funcionário foi dado em novembro de 2023, quando uma fiscalização resgatou ele e outros cinco trabalhadores na Fazenda Lakanka, no noroeste goiano. Entre os resgatados havia um adolescente de 17 anos de idade. Eles catavam raízes e dormiam em uma casa abandonada descrita pelos fiscais como “precária”, pois não tinha camas, banheiro e estava infestada de morcegos e fezes.

A situação dos trabalhadores resgatados veio à tona na segunda-feira (7/10), após o ministério incluir o cantor Leonardo na “lista suja” de empregadores que já submeteram funcionários a trabalho escravo. O artista pagou R$ 94 mil em multas e R$ 225 mil de indenização aos resgatados e, em abril deste ano, o processo foi arquivado.

Rotina dos trabalhadores

Um relatório divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nessa quarta-feira (9/10) trouxe à tona as condições de trabalho de seis funcionários resgatados em uma fazenda em Jussara (GO), de propriedade do cantor Leonardo.

O grupo incluía um adolescente de 17 anos e foi encontrado em situação análoga à escravidão.

De acordo com o documento, os trabalhadores enfrentavam jornadas de até 10 horas diárias, sem a formalização de contratos e sem a garantia de descanso semanal remunerado.

O MTE descreveu a situação precária em que os funcionários viviam: eles dormiam em uma casa abandonada, localizada a 2 km da sede da Fazenda Lakanka, que não contava com instalações adequadas.

O local era descrito como “impróprio para habitação”, apresentando camas improvisadas feitas de tábuas de madeira, sem acesso a banheiros, e com a presença de morcegos, fezes de animais e outros detritos.

Além disso, os trabalhadores improvisaram um chuveiro utilizando uma mangueira e realizavam suas necessidades ao ar livre, em condições que comprometiam a higiene. A única fonte de água disponível era um poço que estava em estado precário e sem manutenção, levantando preocupações sobre a potabilidade da água consumida.

Carga horária e pagamento

Os funcionários relataram que suas atividades consistiam principalmente na remoção de restos de árvores, raízes e outros materiais do solo para prepará-lo para o cultivo. A jornada de trabalho se iniciava às 7h e se encerrava às 17h, com uma pausa de uma hora para o almoço.

O pagamento era fixado em R$ 150 por dia, mas não havia compensação financeira nos dias em que não trabalhavam, sejam esses por folgas programadas ou por motivos de saúde.

O relatório também destacou que o trabalho aos domingos, quando realizado até meio-dia, era pago com meia diária, ou seja, R$ 75, o que gerava insatisfação entre os trabalhadores. Os catadores de raízes mencionaram ainda que, em algumas ocasiões, eram obrigados a realizar atividades extras sem a devida remuneração.A contratação e o pagamento dos trabalhadores eram feitos por Leonardo por meio de outros funcionários, como gerentes da fazenda, que atuavam como intermediários.

‘Jamais faria isso’

No mesmo dia em que a lista foi atualizada com seu nome, Leonardo usou as redes sociais para se manifestar sobre o assunto. O cantor lamentou a situação dizendo que não sabia do que estava acontecendo, já que arrendou a terra. Ele também reforçou que “jamais faria isso”.

“Surgiu um funcionário lá nessa fazenda que eu arrendei, que eu não conheço, nunca vi falar, nunca vi, e de repente eu fui visitado pelo Ministério Público do Trabalho, e foi lavrada uma multa pra mim, pra mim que sou o proprietário da fazenda”, afirmou.

“Gente, eu já plantei tomate, eu sei como é que é. A vida é difícil lá. Eu, do meu coração, jamais, jamais faria isso. Então, eu acho que há um equívoco muito grande sobre a minha pessoa. Eu não me misturo, eu não me misturo nessa lista aí que eles fizeram aí de trabalho escravo”, lamentou.

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