Cruz Vermelha alerta para impactos menos visíveis da violência armada
Comitê Internacional da Cruz Vermelha chama a atenção para a interrupção de serviços essenciais de educação e saúde em locais mais violentos
atualizado
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Com o aumento da circulação de armas no país, além das consequências diretas da violência, como os homicídios e feridos, outros problemas menos visíveis impactam a população vítima dos ataques. Um destes problemas está na dificuldade de acesso a serviços públicos essenciais, como unidades de saúde e escolas, segundo aponta o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
“Para além dos homicídios e feridos, estão as consequências menos visíveis, como deslocamentos internos, desaparecimento de pessoas, afetação da saúde mental e o impacto no acesso a serviços públicos essenciais como unidades de saúde e escolas, entre outros”, afirma o chefe da Delegação Regional do CICV, Alexandre Formisano.
Dados de uma pesquisa lançada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com informações da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e do Instituto Fogo Cruzado, mostram que em 2019, último ano da pesquisa, tiroteios afetaram o funcionamento de mais de mil unidades de ensino no Rio. Ao todo, 74% das escolas cariocas vivenciaram pelo menos um tiroteio no seu entorno, todos com a participação de agentes de segurança pública.
Para diminuir tamanho impacto e fazer com que a população tenha planos caso ocorra um ataque, a Delegação Regional do CICV, a partir do programa Acesso Mais Seguro (AMS), realizou treinamentos e capacitações em municípios brasileiros para que os gestores saibam o que fazer em caso de perigo.
“A violência armada continua sendo um grave problema em alguns estados do Brasil. Embora os dados tenham flutuado nos últimos anos, permanecendo altos, as dinâmicas de confrontos, disputas e suas mudanças seguiram tendo grande impacto na vida da população”, ressalta Formisano.
Balanço Humanitário 2021
Segundo dados do Balanço Humanitário 2021, divulgados nesta quinta-feira (24/3), foram realizados treinamentos em 152 unidades públicas de Saúde, Educação e Assistência Social dos municípios de Vila Velha (ES), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS) em 2021.
Juntas, as unidades atendiam diretamente a mais de 42 mil pessoas que vivem nas regiões. Além destas cidades, Rio de Janeiro e Duque de Caxias (RJ), São Paulo (SP) e Florianópolis (SC) também receberam acompanhamento da Cruz Vermelha.
Como resultado dos treinamentos oferecidos pelo CICV, unidades de saúde de Duque de Caxias e Fortaleza conseguiram ficar mais tempo abertas e servir como abrigo aos moradores: houve uma diminuição de 26% nas horas em que estes estabelecimentos ficaram fechados.
Para efeitos de comparação, em 2020, a plataforma Fogo Cruzado registrou 1.556 tiroteios no entorno de unidades de saúde da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: ao todo 1.742 unidades – públicas e privadas – foram afetadas. Nessas situações, 569 pessoas foram baleadas, destas 275 morreram.