Crivella diz que problemas da administração “fugiram” de seu conhecimento
Em audiência de custódia na terça-feira (22/12), o prefeito afastado do Rio de Janeiro alegou inocência e pediu “paciência” à Justiça
atualizado
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O prefeito afastado do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos – RJ), preso nessa terça-feira (22/12), disse, durante a audiência de custódia, que “deu exemplo”, mas que os problemas ocorridos na administração da cidade “fugiram” do seu conhecimento.
“São quase 20 anos de vida pública. […] Se aconteceram coisas na minha administração, lamento profundamente, mas me fugiram.”
Crivella é acusado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público do estado de liderar o “QG da Propina”, organização criminosa que arrecadou R$ 53 milhões em propina, oferecendo vantagens em contratações da prefeitura a empresários.
Na audiência, o prefeito afastado disse que não participou ou recebeu “qualquer vantagem”. Ele alegou que usava o próprio dinheiro para realizar atividades da prefeitura, com objetivo de “dar exemplo”. As informações são do jornal O Globo.
“Evitei, inclusive, morar na casa da Gávea, nunca fretei avião para viajar, não usei helicópteros, não promovi festas. Várias vezes, até viajei para Brasília com milhas, minhas próprias. Também, nunca cobrei da prefeitura. Às vezes, tive que ficar em hotéis em Brasília para resolver questões do Rio de Janeiro, num esforço que fiz, com todas essas medidas, para dar exemplo, para que as pessoas pudessem ter uma atitude coerente em respeito ao eleitor e ao povo da cidade do Rio de Janeiro”, afirmou.
No decorrer da audiência, Crivella afirmou que afastou Marcelo Alves, presidente da Riotur e irmão de um dos investigados no esquema, assim que soube da existência de corrupção. E pediu que a desembargadora Rosa Helena Guita, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), tivesse “paciência”.
“Peço à senhora que tenha a paciência com meu desabafo. Mas, para mim, é um momento de imensa tristeza, como foi para a senhora, a minha prisão, porque nada fiz para que essas coisas horríveis acontecessem. Mais uma vez peço à senhora que, por favor, quebre todos os meus sigilos, telefônico, bancário, fiscal, e a senhora verá, nesses quatro anos, que não acrescentei um centavo no meu patrimônio”, disse.
Na ocasião, a desembargadora decidiu que Crivella continuaria preso. Ele seria encaminhado para a Casa de Custódia Federico Marques, em Benfica (RJ), e depois seguiria para a Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8.
No entanto, em liminar deferida na noite dessa terça-feira (22/12), o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, substituiu a prisão preventiva do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), pela prisão em regime domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica.