Crivella autorizava e se “locupletava” de QG da Propina, diz desembargadora
Prefeito afastado do Rio de Janeiro foi preso na manhã desta terça-feira em operação da Polícia Civil com o MPRJ
atualizado
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O prefeito afastado do Rio de Janeiro (RJ), Marcelo Crivella (Republicanos), lucrava com o esquema criminoso que se instalara na gestão municipal em 2016, segundo a Justiça. Nesta terça-feira (22/12), o político foi preso em operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) com a Polícia Civil.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, citada na decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), “o prefeito não só tinha conhecimento [do esquema criminoso], mas também autorizava a prática de tais crimes e deles se locupletava”.
Além do prefeito, outras seis pessoas — entre elas o empresário Rafael Alves, apontado como o “gerente” do esquema de lavagem de dinheiro — foram alvo de mandados de prisão.
Gestor da campanha eleitoral, Rafael teria entrado em contato com diversos empresários “oferecendo-lhes vantagens em contratações junto à futura administração” e “chegava ao cúmulo de dar ordens ao prefeito, colocando-se na posição de ‘credor’ perante ele”.
“Ora, em assim sendo, é evidente que o prefeito se locupletava dos ganhos ilícitos auferidos pela organização criminosa, que, na realidade, se instalara no município já com tal propósito”, escreveu a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita.
“Na realidade, após a eleição, Crivella fortaleceu a posição de Rafael na administração, dando-lhe trânsito livre para negociar com empresários a venda de vantagens junto à prefeitura, sempre mediante pagamento de vultosas quantias a título de propina”, disse.
Ainda de acordo com a decisão que embasou os mandados de prisão, “a ciência do prefeito acerca de tais fatos é facilmente extraída de diversas conversas mantidas entre os envolvidos ou entre alguns deles e o próprio Marcelo Crivella, algumas bem explícitas sobre a ‘roubalheira’ no seu governo”.