Criticada por Guedes, Coronavac representa 78% da imunização no país
Ministro da Economia se envolveu em uma saia justa após comentários sobre a eficácia do imunizante e a origem do novo coronavírus
atualizado
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Alvo de críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, a vacina Coronavac — desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo — é responsável por 78,7% da imunização no país.
Ao todo, segundo dados do LocalizaSUS, plataforma de transparência do Ministério da Saúde, a Coronavac foi aplicada em 31,4 milhões de pessoas — entre primeira e segunda doses.
O Brasil ultrapassou 14,4 milhões de casos confirmados do novo coronavírus e mais de 391 mil óbitos em decorrência da Covid-19. Até o momento, o Ministério da Saúde aplicou 40,2 milhões de doses da vacina (entre primeira e segunda doses).
Neste cálculo, a vacina AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford e produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é responsável por 21% da campanha.
Entenda o imbróglio
Paulo Guedes disse na terça-feira (27/4) que os chineses “inventaram” o coronavírus, e que a vacina do país para impedir o avanço da doença é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos.
O ministro tomou as duas doses da vacina do Butantan.
Durante reunião do Conselho de Saúde Complementar, Guedes afirmou: “O chinês inventou o vírus, e a vacina deles é menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então, os caras falam: ‘Qual é o vírus? É esse? Tá bom, decodifica’. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras”.
Guedes não sabia que a reunião do conselho estava sendo gravada e transmitida por redes sociais. Quando foi informado, disse: “Não mandem para o ar”. Após a reunião, o Ministério da Saúde retirou o vídeo da página da rede social da pasta.
Diferentemente do que Guedes afirmou, porém, a vacina da Pfizer não foi desenvolvida por americanos, mas por um casal de cientistas alemães de origem turca, dono da empresa Biontech.
“Imagem infeliz”
Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e aliados lançaram suspeição sobre a eficiência da Coronavac. Bolsonaro chegou a vetar a aquisição do imunizante. “Da China nós não compraremos. É decisão minha”, afirmou.
Depois da repercussão negativa, o ministro Paulo Guedes reconheceu ter usado uma “imagem infeliz” e pediu desculpas, ao que chamou de mal-entendido.
Após as declarações, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, apontou que seu país é o principal fornecedor de imunizantes e insumos ao governo brasileiro. Sem citar o ministro, o diplomata escreveu em sua conta no Twitter que as vacinas e os ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) produzidos na China respondem por 95% do total recebido pelo Brasil.