metropoles.com

Crise no MEC: pastor teria pedido propina em dinheiro e em bíblias

Segundo depoimento de prefeitos que participaram de encontros com pastores investigados, propina era pedida em troca de verba

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Marcelo Camargo/Agência Brasil
imagem colorida fachada MEC- Metrópoles
1 de 1 imagem colorida fachada MEC- Metrópoles - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dois prefeitos que tiveram encontros com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmaram em entrevista ao jornal O Globo, nesta quarta-feira (23/3), que o pastor Arilton Moura teria pedido propina para ajudá-los a conseguir verbas para a construção de escolas em seus municípios.

Segundo os prefeitos Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), e José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP), os pedidos variaram de R$ 15 mil a R$ 40 mil, além da compra de bíblias.

Kelton Pinheiro conta que teve uma audiência com Ribeiro e outros 15 gestores municipais em 11 de março de 2021. No encontro, que consta na agenda oficial do governo, o ministro fez um discurso anticorrupção e deixou o local acompanhado por Arilton Moura e Gilmar Santos.

3 imagens
MEC anuncia data do Enem
1 de 3

Em carta aberta, sete ex-ministros da Educação afirmaram, em abril deste ano, que o instituto estaria “em perigo” no governo de Jair Bolsonaro

Rafaela Felicciano/Metrópoles
2 de 3

Rafaela Felicciano/Metrópoles
3 de 3

MEC anuncia data do Enem

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Santos também é pastor e preside a Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e teve quatro encontros com Jair Bolsonaro (PL). Ele e Moura atuavam como assessores informais do Ministério da Educação, intermediando encontros entre Ribeiro e prefeitos.

Em áudios vazados, o ministro da Educação afirmou que o governo prioriza prefeituras assessoradas pelos dois líderes evangélicos a pedido de Bolsonaro. Desde a revelação das gravações, Ribeiro tem alegado que Bolsonaro apenas pediu para que os pastores fossem recebidos.

De acordo com Kelton, os dois pastores teriam retornado e chamado os prefeitos para um almoço. No restaurante, Arilton Moura perguntou a Kelton se ele teria algum pedido de melhorias para a sua cidade. O prefeito então teria respondido que o município precisava de mais uma escola.

“Disse que eu teria que dar R$ 15 mil para ele naquele dia para ele poder fazer a indicação. [Ele disse]: ‘Transfere para minha conta, é hoje (…) No Brasil, as coisas funcionam assim'”, conta Kelton.

O prefeito ainda conta que Moura teria feito um segundo pedido: “Que eu desse uma oferta para a igreja, comprasse bíblias para ajudar na construção da igreja (…) Seria uma venda casada. Eu teria que comprar essas bíblias, porque ele estava em campanha para arrecadar dinheiro para a construção da igreja.”

José Manoel de Souza, prefeito de Boa Esperança do Sul, São Paulo, também conta que participou de um encontro com o ministro. A reunião, em 13 de janeiro de 2021, teve a presença de 30 gestores municipais e consta da agenda oficial de Milton Ribeiro. Após a audiência, cada prefeito recebia uma senha e aguardava em uma sala para apresentar suas demandas a assessores.

Nessa reunião, Souza relembra que pretendia pedir verbas para ampliar uma escola e acabar com a terceirização de ônibus escolar. Depois, ele e outros prefeitos foram para um restaurante na companhia do pastor Arilton Moura.

“Eu o abordei e perguntei: ‘Senhor Arilton, como serão as liberações? Vai ser para todos os municípios?’ E ele falou: ‘Vamos ali fora…Eu vou ser bem sincero. Tem escolas profissionalizantes no seu município?’ Eu disse que não, porque a cidade é pequena, e a gente precisa aumentar creches e ônibus escolar. E ele falou: ‘Se você quiser, eu passo um papel agora, ligo para uma pessoa e as escolas profissionalizantes vão chegar ao seu município, mas, em contrapartida, você precisa depositar R$ 40 mil para ajudar a igreja. Uma mão lava a outra, né?'”, conta. “Eu bati nas costas dele e falei: ‘Obrigado, senhor Arilton, mas para mim não serve’.”

O ministro da Educação nega que houvesse um esquema de corrupção no pedido de verbas para o MEC e afirma que uma investigação sobre a atuação dos pastores foi pedida por ele à CGU em agosto de 2021. Em entrevista nesta quarta-feira (23/3), Ribeiro ainda disse que “não há nenhuma possibilidade” de “determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?