CPI não atende pedido da defesa de ex-Abin e mantém sessão aberta
Os advogados argumentaram que Saulo Cunha era de um órgão de inteligência, com informações sensíveis, por isso a sessão deveria ser fechada
atualizado
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O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, Arthur Maia (União-BA), decidiu ignorar o pedido da defesa do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha para que o depoimento acontecesse de forma fechada, apenas com assessores e os parlamentares.
A solicitação foi encaminhada à mesa diretora da comissão na tarde dessa segunda-feira (31/7), sob a justificativa de que Cunha era de um órgão de inteligência, com informações sensíveis, e, por isso, a sessão deveria ser fechada. A CPI voltou aos trabalhos nesta terça (1°/8) com o depoimento do ex-diretor.
“Sob pena de se colocar em risco as atividades de inteligência em realização ou realizadas pelos servidores da Abin, o que, por certo, o inclui, bem como à própria incolumidade física de tais servidores, que essa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito procure adotar certas cautelas no sentido de não expor a sua pessoa e nem as pessoas dos servidores da Abin que trabalharam nos fatos ora objeto de investigação, atendendo-se a tudo que dispõem tanto a legislação quanto as normas sobre o assunto, bem como respeitando-se o sigilo específico nelas previsto”, argumentou a defesa.
Antes do início da sessão, Arthur Maia afirmou que poderia fechar a sessão caso o depoente julgasse que as informações dadas por ele fossem “sensíveis”. Porém, caso contrário, o colegiado manteria o depoimento aberto à imprensa.
Cunha foi exonerado do comando da Abin em março e, em abril, o presidente Lula o escolheru para chefiar a assessoria especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos do GSI. Ele assumiu as funções no GSI em 13 de abril. No dia 19, uma semana depois, foram divulgadas imagens do então ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias, dentro do Palácio do Planalto durante a invasão de 8/1.
A convocação do ex-Abin à CPI foi pedida por quatro parlamentares bolsonaristas: senador Magno Malta (PL-ES), deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado Marco Feliciano (PL-RJ) e deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), sob a justificativa de que ele era diretor-adjunto da Abin no dia das invasões.