Stédile à CPI: “Façam reforma agrária que no outro dia desaparece o MST”. Acompanhe
Participação de João Pedre Stédille foi solicitada por diversos parlamentares de oposição. Grupo o acusa de incentivar invasão de terras
atualizado
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ouve, nesta terça-feira (15/8), o líder da organização, João Pedro Stédile. O depoimento teve início no começo da tarde.
Questionado por Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (PL), se existe algum movimento comparado com o MST na China, Stédile respondeu que não, porque no país realizou uma reforma agrária em 1949.
“Não, porque em 1949 eles fizeram reforma agrária. Vocês que querem tanto derrotar o MST, a fórmula é simples: façam reforma agrária que no outro dia desaparece o MST”, disse Stédile.
Agro burro
O líder do MST classificou que parte do agronegócio Brasil é burro por pensar apenas em um lucro fácil. João Pedro Stedile ressaltou que a produção agrícola brasileira também precisa ponderar os danos ambientais causados pela produção de alimentos.
“Uma parcela do agronegócio ainda vai para o céu, porque eles estão se dando conta que eles podem ganhar dinheiro, podem aumentar produtividade com outras práticas. Agora, aquele agronegócio burro, que só pensa em lucro fácil, esse está com os dias contados”, disse Stedile.
“O agronegócio está dividido: a metade que tem juízo, que estuda, apoiou o Lula e é a parcela representada pelo [ministro da Agricultura, Carlos] Fávaro. A outra parcela do agronegócio que insiste em só ganhar dinheiro é a Aprosoja [Associação Brasileira dos Produtores de Soja], que só pensa em ganhar dinheiro e não tem responsabilidade com o meio ambiente”, completou o líder do MST.
Acompanhe o depoimento de Stédile:
Oposição
A participação de Stédile foi solicitada por diversos parlamentares de oposição. Entre eles, o deputado Kim Kataguiri (União-SP), que alegou, em requerimento, que as “declarações públicas” de Stédile sobre “invasões de terra” podem levantar questões sobre possíveis ilegalidades.
Desde a sua instalação, em maio deste ano, o colegiado ouviu diversos representantes de movimentos sociais que defendem a ocupação de terras. Entre eles, o líder da Frente Nacional de Luta no Campo e Cidade, José Rainha Júnior.
Oposição enfraquecida
Na última semana, a oposição sofreu trocas na composição de sete cadeiras do colegiado. As alterações ocorreram após uma série de ataques a ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a tentativa de associar o governo a crimes atribuídos ao MST.
Líderes partidários entraram em acordo e efetuaram as mudanças, o que irritou a ala mais extremista da CPI e os membros da mesa diretora.
O acordo permitiu que sete deputados da ala mais extremista da oposição e do Centrão fossem substituídos por novos nomes. As mudanças envolveram partidos como Republicanos, União Brasil e PP — siglas que têm buscado mais espaço no governo.
Além disso, em ato da Mesa Diretora, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), atendeu a um recurso apresentado por Nilto Tatto (PT-SP) e cancelou o depoimento de Rui Costa, ministro da Casa Civil, ao colegiado. A justificativa é que Costa, cuja oitiva estava prevista para a última quarta-feira (9/8), não teria ligação com o tema da CPI.