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CPI do 8/1: base de Lula quer fazer de Delgatti “homem-bomba” para incriminar Bolsonaro

Delgatti é investigado pela suposta inserção de dados falsos sobre o ministro Alexandre de Moraes em sistemas do CNJ. Hacker já depôs à PF

atualizado

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Hacker urnas Imagem colorida mostra prisão do hacker Walter Delgatti - Metrópoles Alexandre de Moraes
1 de 1 Hacker urnas Imagem colorida mostra prisão do hacker Walter Delgatti - Metrópoles Alexandre de Moraes - Foto: Andre Borges/Especial Metrópoles

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos de 8 de janeiro tomará o depoimento, nesta quinta-feira (17/8), do hacker Walter Delgatti Neto. A presença do “hacker da Vaza Jato” pode ser marcada pelo silêncio: isso porque após solicitação da defesa de Delgatti, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu a ele o direito de não proferir sequer uma palavra.

Mesmo com o silêncio garantido, os governistas que compõem o colegiado já têm uma estratégia: explorar a relação do depoente com Jair Bolsonaro (PL) para tentar transformá-lo em “homem-bomba” contra o ex-presidente da República.

A oitiva na CPMI ocorre um dia após o depoimento de Delgatti à Polícia Federal (PF). O hacker é investigado pela suposta inserção de dados falsos sobre o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no Banco Nacional de Mandados de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Investigações apontam que Delgatti teria sido contratado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), ligada ao ex-presidente, para prestar os serviços, que teriam o objetivo de beneficiar Bolsonaro durante as eleições de 2022.

A parlamentar também teria articulado um encontro entre o então presidente e o hacker em agosto do ano passado, ocasião em que Bolsonaro o teria questionado sobre a possibilidade de violar as urnas eletrônicas.

Além de confirmar essas versões, já apresentadas anteriormente, o hacker subiu a temperatura da fervura para Zambelli. Ele apresentou, à PF, cópia de uma conversa com assessores da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) que comprova o pagamento em torno de R$ 40 mil a Delgatti.

“Ele traz provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Foi próximo a R$ 14 mil em depósito bancário. O restante, em espécie. [Para] invadir qualquer sistema do Judiciário”, disse o advogado Ariovaldo Moreira.

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Hacker Walter Delgatti não conseguiu invadir urnas eletrônicas
Hacker Walter Delgatti foi preso pela PF nesta quarta-feira
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Na tarde dessa quarta-feira, a defesa de Delgatti pediu ao STF para que ele possa ficar “silêncio absoluto” durante o seu depoimento à CPMI. Os defensores, que o chamam de “Vermelho”, solicitaram ainda a garantia de que Delgatti “não venha a sofrer qualquer ameaça ou constrangimentos, como exemplo as tipificações de crimes que eventualmente tenha sido acusado, assegurando-se a possibilidade de imediata cessação de sua participação no depoimento”.

A Suprema Corte ainda não divulgou decisão sobre o pedido, mas, interlocutores governistas da CPMI, ouvidos pelo Metrópoles, apontam que a decisão do STF não deve interferir na lista de perguntas feitas ao depoente.

A convocação de Delgatti foi solicitada por ao menos seis parlamentares governistas que compõem a CPMI, como Rogério Correia (PT-MG), Duarte Jr. (PSB-MA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Henrique Vieira (PSol-RJ), Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e a relatora do colegiado, Eliziane Gama (PSD-MA).

A estratégia da ala governista na CPMI será questionar qual é a relação entre Delgatti e Bolsonaro. O objetivo é saber se o ex-presidente de fato contratou o hacker para tentar sabotar o sistema eletrônico de votação, além da invasão aos sistemas do CNJ.

Parlamentares da base do Planalto acreditam que, caso comprovada, a relação entre Delgatti e Bolsonaro poderá dar indícios do plano golpista que culminou com o 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes.

Depoimento à PF e expectativa de delação

O hacker, famoso por revelar as mensagens trocadas entre grupos de procuradores da Lava Jato, está preso desde o dia 2 de agosto. Ele já prestou depoimento à Polícia Federal, ainda em São Paulo, local da prisão, quando apontou Zambelli como mandante e financiadora da invasão de sistemas do CNJ de setembro a dezembro de 2022. Moreira também confirmou que se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada e que ele teria perguntado se, com o código-fonte, Delgatti conseguiria invadir urnas eletrônicas.

Em relação à possibilidade de Delgatti fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, o advogado Ariovaldo Moreira disse que “neste momento” não ocorreu nenhum avanço neste sentido.

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